Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Dad Squarisi | 9 de outubro de 2022
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Reta final. Dia 30, os brasileiros vão escolher o presidente da República. E, em alguns estados, os governadores. Candidatos e eleitores têm um comportamento comum. Ficam de olho nas pesquisas. A divulgação dos levantamentos alegra uns e entristece outros. Ao falar no assunto, ambos têm uma preocupação — a concordância. Como fica o verbo em construções como 75% da população, 1% dos votos, 20% das mulheres? Singular ou plural?
A concordância de percentagem joga no time dos partitivos. O verbo pode concordar com o número ou com o nome: 75% da população votaram (concorda com 75). 75% da população votou (concorda com população). 1% dos votos foi anulado (concorda com 1). 1% dos votos foram anulados (concorda com votos).
Limite 1
Lembre-se de pormenor pra lá de importante. A generalização é burra. O verbo tem de concordar com o núcleo do sujeito ou o complemento. Às vezes, ambos são do mesmo número. Aí, adeus, escolha. Veja: 1% da população permanece indecisa. (O número é 1, singular. O nome é população, singular). 20% das mulheres declararam a preferência. (O número é 25, plural. O complemento, mulheres, plural.)
Limite 2
Às vezes, o número deixa a solteirice pra lá. Convida o artigo ou o numeral para juntar os trapos. Acompanhado, ele fica forte como Zeus no Olimpo. A concordância se fará só com ele: Uns 15% da população continuam indecisos. Os 10% do corpo docente mais qualificado se aposentam este ano. Este 1% de insatisfeitos tumultuará o processo.
Moral da opereta
Ao lidar com percentagem, todo o cuidado é pouco. A concordância pode enganar como pesquisa eleitoral. Olho vivo!
Ou…ou
Lula ou Bolsonaro… ops! será ou serão presidente do Brasil pelos próximos quatro anos? Com os núcleos ligados pelas conjunções ou…ou, é necessário verificar a relação estabelecida:
Mais do mesmo
“Por unanimidade, toda a diretoria do PDT decidiu apoiar Lula”, disse o repórter. Viu? Baita pleonasmo. Se o apoio foi por unanimidade, o toda sobra: Por unanimidade, a diretoria do PDT decidiu apoiar Lula.
Colaboração
André Gustavo é leitor voraz. Curioso, diversifica os temas aos quais dedica tempo e atenção. É dele esta mensagem compartilhada com a coluna: “Estou lendo um livro muito interessante, O chamado da tribo, do Vargas Llosa (Objetiva).
É uma coleção de biografias de autores que tiveram grande influência sobre ele. Mas me lembrei de falar com você sobre o livro
porque na biografia de Adam Smith ele utiliza a palavra irrito, com acento agudo no primeiro i. Fui ao dicionário e verifiquei que existe: significa nula, sem efeito. Conhecia?”
Leitor pergunta
Debaixo ou de baixo?
Debaixo = sob (de baixo da mesa, debaixo do tapete).
De baixo se usa nos demais casos: debaixo pra cima, roupa de baixo.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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