Domingo, 20 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 17 de abril de 2025
Nadine foi condenada a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro
Foto: ReproduçãoEsta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
A concessão de asilo político à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, pelo governo brasileiro, reacende debates sobre os limites entre proteção humanitária e conivência com a impunidade.
Nadine foi condenada a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro, após investigações que revelaram o recebimento de cerca de US$ 3 milhões em contribuições ilícitas da Odebrecht e do governo venezuelano para as campanhas presidenciais de seu marido, Ollanta Humala, em 2006 e 2011.
Enquanto Humala começou a cumprir sua pena, Heredia buscou refúgio na embaixada brasileira em Lima e, posteriormente, foi transferida para Brasília em um avião oficial. A decisão do Brasil de conceder asilo a Heredia, mesmo com a anuência do governo peruano para sua saída, levanta questionamentos sobre os critérios utilizados.
Em 2016, ela foi nomeada para um cargo na FAO por José Graziano da Silva, ex-ministro do governo Lula, o que lhe conferiu imunidade diplomática e gerou protestos no Peru. Agora, o governo brasileiro mais uma vez estende a mão a uma figura condenada por corrupção. Pior: o mesmo ex-diretor da FAO que nomeou Nadine, hoje é acusado de ter pedido propina dela em troca da nomeação.
Um escândalo que deveria ser motivo de investigação, e não de acolhimento político. Um asilo dado por quem teria pedido propina para a própria asilada é inaceitável. E tudo isso sem falar no absurdo maior: o dinheiro da Odebrecht, que no Peru leva à cadeia, no Brasil virou motivo de anulação de provas, soltura de condenados e perseguição a juízes e procuradores.
Enquanto outros países punem com rigor os envolvidos nos esquemas de corrupção revelados pela Lava Jato, o Brasil parece premiar os mesmos personagens, oferecendo-lhes abrigo e até prestígio.
A proteção humanitária não pode ser usada como escudo para criminosos de colarinho branco. O Brasil dá um péssimo exemplo à comunidade internacional e, pior ainda, um tapa na cara dos brasileiros honestos que lutam todos os dias por justiça, dignidade e respeito às leis. Ao transformar corruptos em perseguidos políticos, o governo insulta a inteligência da população e desmoraliza o combate à corrupção. O Brasil merece mais. E melhor.
*Jerônimo Goergen, Advogado
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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