Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 30 de janeiro de 2020
As amostras vieram de Berlim trazidas pela OPAS.
Foto: Divulgação/Josué DamacenaA Fundação Oswaldo Cruz recebeu nesta quinta-feira (30) fragmentos do material genético do novo coronavírus que serão utilizados para aprimorar os protocolos de testagens realizados no Brasil. As amostras vieram de Berlim e foram trazidas pela OPAS (Organização Pan Americana de Saúde), que representa a Organização Mundial da Saúde no continente americano.
À frente dos testes realizados na fundação, o pesquisador Fernando Motta explicou que os fragmentos serão usados como “controle positivo”, uma forma de comprovar que o exames realizados tinham capacidade de detectar o vírus. Motta é tecnologista em saúde pública do Laboratório de Vírus Respiratórios e de Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz e avalia que a Fiocruz tem condição de atender à demanda por testes nesse primeiro momento. O Brasil ainda não tem casos confirmados de coronavírus e, até ontem, investigava nove suspeitas.
Como laboratório de referência, a Fiocruz recebe uma amostra de todos esses casos suspeitos para garantir a qualidade dos testes. A fundação vinha realizando principalmente testes diferenciais, em que descartava o coronavírus a partir da testagem de outras viroses já conhecidas. Com a chegada do material trazido pela OPAS, será possível realizar testes específicos para coronavírus, o que deve acelerar o diagnóstico e dar mais precisão ao processo.
Pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo, e do Instituto Evandro Chagas, do Pará, também estiveram na Fiocruz para conhecer os protocolos e preparar seus laboratórios para realizarem os testes em suas regiões. Como o treinamento começou nesta quinta, a Fiocruz deve continuar a ser o laboratório de referência para todo o País. A partir do momento em que as amostras chegam na fundação, é possível concluir os testes entre 48 e 72 horas.
Motta explicou ainda que os protocolos adotados estão em constante mudança, porque o vírus infectou humanos apenas recentemente. “Uma das principais hipóteses é que veio de um hospedeiro animal e acabou de ser introduzido na população humana. Não sabemos, com 100% de certeza, todas as informações. O vírus pode sofrer algum tipo de alteração e esse protocolo pode precisar ser atualizado. Mas há uma rede mundial e esse compartilhamento está sendo feito”.
A Fiocruz também recebeu nesta quinta uma visita técnica do secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, e do secretário Nacional de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira. Segundo o chefe de gabinete da Presidência da Fiocruz, Valclair Rangel, foram apresentados os laboratórios e esclarecidas dúvidas em relação à recepção das amostras e à realização dos exames. “Saímos com um conjunto de acordos”, resumiu ele, que contou que o ministério deixou na Fiocruz um representante da Coordenação-Geral de Laboratórios.
Desde a última segunda-feira, a Fiocruz criou uma Sala de Situação para monitorar informações sobre o novo coronavírus no estado do Rio de Janeiro. Participaram da primeira reunião secretarias municipais de saúde e a secretaria estadual, e a próxima reunião deve contar também com representantes de universidades e de conselhos profissionais.