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Por Redação O Sul | 28 de julho de 2021
O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), que já costumava participar das reuniões da CPI da Covid, agora faz parte oficialmente da comissão. Com a saída do senador Ciro Nogueira (PP-PI), que aceitou o convite do presidente Jair Bolsonaro para ser ministro da Casa Civil, Luis Carlos Heinze (PP-RS), que era membro suplente, se tornou integrante titular da CPI da Covid. E, para o lugar dele, entra Flávio, que é filho do presidente Jair Bolsonaro.
Mesmo não sendo integrante da CPI, Flavio Bolsonaro participou de algumas sessões da comissão nos últimos meses.
Durante o depoimento do ex-secretário de Comunicação do governo Fabio Wajngarten, por exemplo, o filho de Bolsonaro protagonizou um bate-boca com o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL). Flavio chamou o emedebista de “vagabundo”. Renan retrucou relembrando as denúncias de rachadinha.
Flavio Bolsonaro também trocou ofensas com Wilson Witzel quando o ex-governador do Rio compareceu à comissão. Flavio também discursou durante audiência pública com defensores de medicamentos ineficazes contra a covid-19.
Um dos alvos dos governistas é o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), filho de Renan Calheiros. No começo da CPI, o relator foi inclusive criticado por participar de uma comissão que poderia investigar o filho dele. Com a entrada de Flávio na CPI, a base governista faz o mesmo agora, com um integrante que é filho de outro alvo, no caso Bolsonaro.
A CPI da Covid não se reúne desde 15 de julho, quando ouviu Cristiano Carvalho, representante no Brasil da Davati Medical Supply. As sessões, suspensas em razão do recesso parlamentar, serão retomadas em 3 de agosto.
A expectativa dos senadores é que, na volta dos trabalhos, a CPI ouça pessoas com papel central nas negociações de compra de vacinas pelo governo brasileiro.
Composição
De acordo com a página da CPI da Covid no site do Senado, a indicação de Heinze para titular da comissão e a de Flavio Bolsonaro para suplente partiu do gabinete da liderança do PP no Senado. O partido é presidido por Ciro Nogueira, que assumirá a Casa Civil.
Conforme divisão feita antes da instalação da CPI, essas vagas são do bloco parlamentar Unidos pelo Brasil, composto por MDB, Republicanos e PP. O Patriota, partido ao qual Flavio Bolsonaro é filiado, não integra o grupo.
Na divisão dentro do bloco, o PP ficou responsável pelos assentos e pode ceder a vaga a senadores de outras legendas.
Isso ocorreu, anteriormente, com a vaga de suplente atualmente ocupada por Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo no Senado. O MDB não integra o Bloco Parlamentar Vanguarda, formado por DEM, PL e PSC, mas a vaga foi cedida ao governista, para reforçar a tropa de choque de Bolsonaro na comissão.
Senadores suplentes em comissões só votam na ausência dos titulares das vagas. Entretanto, por integrar a CPI, o suplente pode se inscrever para falar nas reuniões antes de não-membros e também tem acesso aos documentos sigilosos recebidos pelo colegiado.