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Flávio Bolsonaro se diz “estarrecido” com “lideranças surgidas da costela” do pai: “Falta de consideração e ignorância”

O senador Flávio Bolsonaro classifica o posicionamento dos antigos aliados como “falta de consideração”. (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)

O senador Flávio Bolsonaro (PL) afirmou nessa quarta-feira (22) estar “estarrecido” com “lideranças surgidas da costela” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em postagem nas redes sociais, o parlamentar classifica o posicionamento dos antigos aliados como “falta de consideração e até a ignorância de como funciona o jogo do poder no Brasil”.

“Quando vejo lideranças surgidas de sua própria costela não seguirem sua orientação (o que é diferente de não obedecer), baseada em experiência e conhecimento adquirido a por décadas, ou o colocarem como carta fora do baralho, fico estarrecido com a falta de consideração e até a ignorância de como funciona o jogo do poder no Brasil. Só enxergam a árvore ao invés de olharem para a floresta!”, disse Flávio.

Nesta semana, após ser cobrado por Jair Bolsonaro, o senador e ex-ministro Marcos Pontes (PL-SP) reafirmou que será candidato à presidência do Senado e disse que “arrogância pode fechar portas”.

“A arrogância pode fechar portas, mas a humildade sempre abrirá as janelas da sabedoria para novos horizontes”, disse o senador sem citar Bolsonaro na postagem.

A troca de farpas acontece após o ex-presidente chamar a candidatura de Pontes de “lamentável” e afirmar que ela acontece à revelia do partido. A bancada bolsonarista apoia a eleição de Davi Alcolumbre (União-AP) para a presidência da Casa, por orientação do próprio Bolsonaro.

Durante entrevista ao canal AuriVerde, no YouTube, o ex-presidente Jair Bolsonaro questionou se a postura do senador Marcos Pontes seria uma forma de retribuição à ajuda recebida na eleição para o Senado.

“Eu elegi você em São Paulo. Deixei de lado lá o meu amigo Marco Feliciano, com uma dor no coração enorme. Deixei de lado o Marco Feliciano para te apoiar ao Senado e esse é o pagamento?”, questionou.

Queixa-crime

Em outra frente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) apresentou uma queixa-crime contra o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), no Supremo Tribunal Federal (STF). O caso foi sorteado para o ministro André Mendonça.

Haddad associou Flávio ao esquema de “rachadinha”, crime que consiste no parlamentar dono do mandato obter para si parte do salário dos funcionários de seu gabinete, ao defender o governo das críticas ao redor da desinformação sobre o Pix.

A declaração do ministro da Fazenda foi dada numa coletiva de imprensa para explicar a medida provisória editada pelo governo federal para reiterar o sigilo e a não taxação das operações de Pix. Ele aproveitou para bater no clã Bolsonaro, que capitalizou a ofensiva contra o governo Lula nas últimas duas semanas.

“Nós não podemos colocar a perder os instrumentos que o Estado tem de combater o crime. As ‘rachadinhas’ do senador Flávio foram combatidas porque uma autoridade identificou uma movimentação absurda nas contas do Flávio Bolsonaro. Agora ele está reclamando da Receita? Ele foi pego pela Receita. Então não adianta esse pessoal, que comprou mais de 100 imóveis com dinheiro de rachadinha, não pode ficar indignado com o trabalho que a Receita está fazendo. O Flávio Bolsonaro, em vez de criticar o governo, devia se explicar como é que ele, sem nunca ter trabalhado, angariou um patrimônio espetacular. Quem combateu esse tipo de crime foi a Receita Federal, com esses instrumentos”, afirmou Haddad.

Segundo informações reveladas pelo jornal O Estado de S. Paulo em 2018, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) havia apontado uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em uma conta no nome de Fabrício Queiroz, ex-assessor do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.

O Ministério Público investigou por dois anos o caso, que resultou em denúncia de crimes de fraude, apropriação indébita, lavagem de dinheiro e organização criminosa contra Flávio, Queiroz e outros 15 envolvidos. Em 2021, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou as decisões anteriores sobre o caso envolvendo Queiroz e Flávio Bolsonaro. (Estadão Conteúdo e jornal O Globo)

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