Quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

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Cleiton Freitas Foco no Servidor

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Delegado Cleiton Freitas é presidente da Associação dos Delegados de Polícia do RS. (Foto: divulgação)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Este é um momento de mudarmos o foco dos refletores. Muito se olha para os números que a polícia produz em termos de ações e operações exitosas. Muita manchete se faz com apreensões e prisões. As precárias condições das celas e presídios são ponto de pauta de muitos teóricos e defensores dos direitos humanos. Urge olharmos para os profissionais que estão por trás disto tudo. Servidor que não pode fazer greve sob pena de instaurar o caos total na sociedade. O cidadão que, mesmo com seus direitos funcionais desrespeitados, continua atuando de forma firma e responsável, sim, o Policial.

Uma rotina tensa, pesada e desumana não pode ser suportada por muito tempo. Presídio tentando virar Delegacia, como bem disse um colega, é a realidade de cada turno de trabalho. Molhando os pés na urina, escutando ameaças, entregando refeições, encaminhando detentos ao banheiro, convivendo com o mau cheiro e doenças de diversas ordens, inclusive contagiosas, sem deixar de sair para buscas e apreensões, perseguições e cumprimento de prisões, formalização de flagrantes, e ainda tentando atender a comunidade que busca os serviços de uma Delegacia, como depoimentos, registro de ocorrências, investigações, inúmeros inquéritos, oitivas e reconhecimentos. Isso é a vida hoje de um policial no RS.

Não podemos fechar os olhos para este ser que é humano. Não tem como resistir a este nível de pressão a que estão expostos. Colocar luz neste servidor é dar voz para suas agruras. Se é reforma no sistema ou se é uma determinação dos governantes, não vamos discutir. Vamos pressionar para que esta realidade mude logo. A sociedade precisa de todos atuando nas suas funções e atribuições, que já não são poucas e nem leves. De policial a carcereiro sem ter sido consultado, preparado, não. Somos policiais prontos para “Servir e Proteger” a sociedade, não para atender detentos por tempo indeterminado.

Delegacia de Polícia não é lugar de detento. É lugar de Policial e da sociedade.

 

Cleiton Freitas – Presidente da Associação dos Delegados de Polícia do RS

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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