O CEO do BTG Pactual, Roberto Sallouti, afirmou que o banco foi vítima de uma fraude, citando o caso das inconsistências contábeis da Americanas, mas sem falar nominalmente o nome da varejista. “Fomos vítimas, afetados por uma fraude corporativa”, afirmou em teleconferência sobre os resultados dos quarto trimestre. Segundo ele, a situação foi um caso isolado e não há preocupação do banco com essa linha de negócio de risco sacado.
“Estamos muito tranquilos com a qualidade da nossa carteira, ela é bem diversificada, por empresas, por estratégia”, comentou.
Sallouti afirmou que não é possível saber por enquanto se será necessário fazer novas provisões para o caso Americanas.
“Se vão ter novas provisões ou não, não sabemos, acho que estamos bem provisionados. Achamos que vamos recuperar acima dessa provisão, mas dada a natureza de fraude, tem a questão temporal, nunca se sabe o tempo que demora. Mesmo que tivermos de fazer provisões adicionais, isso não muda nosso guidance”, disse.
Segundo ele, dos nomes de outras empresas que estão sendo divulgados pela imprensa como também enfrentando dificuldades, o BTG não tem exposição a nenhuma dessas companhias.
O executivo disse ainda que as provisões feitas em Corporate & SME Lending representam cerca de 60% da exposição de risco sacado. Ele inclusive comentou que espera um mercado mais seletivo após o caso Americanas, o que deve aumentar a rentabilidade das operações de antecipação de recebíveis.
Emissões de dívida
Renato Cohn, vice-presidente financeiro do BTG Pactual, afimou, durante a teleconferência, que o banco teve receita recorde de DCM (emissão de dívidas) pelo segundo trimestre seguido. Segundo ele, a mudança estrutural no mercado de DCM vista nos nos últimos anos deve continuar em 2023.
Sobre a área de M&A (fusões e aquisições), ele comentou que o BTG continua a ver bom pipeline, tanto em operações já em andamento quanto em outras em negociação. Ainda assim, o CEO do banco, Roberto Sallouti, comentou que o cenário macro é mais desafiador e que isso se reflete na área de banco de investimento.
“Esperamos uma queda este ano similar ao que vimos de 2021 para 2022. Se os mercados reabrirem, essa previsão vai se mostrar conservadora.”
Na parte de crédito, o executivo explicou que a exposição do banco no varejo é bastante diversificada. “Temos diversificação por subsegmentos dentro do varejo, inclusive para negócios mais resilientes, como distribuição de alimentos, cash e carry, cosmésticos. Vamos continuar expandindo nosso portfólio à medida que entramos em novos segmentos.”
Ele lembrou ainda que o BTG assinou um acordo recente com o Pan e deve realizar compras recorrentes de carteiras. “Com a aquisição de carteira de crédito do Pan e outros, o BTG entra em novos segmentos e aumenta diversificação.”
Em asset management, houve recorde de receita pelo terceiro trimestre seguido. “Apesar do cenário mais incerto e com juros elevados, voltamos a ter recorde de receitas em wealth management.”