Desde 2021 o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos se encontra na condição de foragido da Justiça brasileira. Ele vive há quatro anos e sete meses nos Estados Unidos e, mais recentemente, se tornou o pivô do embate entre a plataforma de vídeos Rumble e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A disputa originou nessa semana uma troca de críticas acima do tom usual diplomático entre o Departamento do Estado americano e o Itamaraty.
Após a negativa de atender a um pedido do ministro para suspender o perfil de Allan dos Santos, a plataforma de vídeos se aliou à empresa Trump Media, ligada ao presidente Donald Trump, em uma ação civil contra o magistrado brasileiro em um tribunal federal da Flórida. As autoras do pedido alegam que a ordem de Moraes violou a soberania americana.
Allan dos Santos é investigado pelos crimes de organização criminosa, contra a honra, incitação, preconceito e lavagem de dinheiro. Dois inquéritos que envolvem o blogueiro tramitam no Supremo: o das fake news e o das milícias digitais. Ele deixou o Brasil em julho de 2020 e entrou nos Estados Unidos com um visto de turista, destinado a passagens temporárias. Mas ingressou com um pedido de asilo político e permanece em condição legal no país enquanto aguarda uma decisão das autoridades.
O blogueiro, que informa trabalhar como motorista de aplicativo na cidade de Orlando, circula com mais desenvoltura desde a eleição de Trump. Ele foi fotografado no baile da posse do presidente americano – o evento, Starlight Ball, foi realizado na noite de 20 de janeiro na sede do jornal The Washington Times, em Washington. Dois dias antes, Allan dos Santos apareceu em vídeos quando o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Donald Trump Jr., filho do presidente dos EUA, se encontraram no Baile de Posse Hispânico.
Tentativa
Desde o decreto de prisão preventiva, expedido quando ele já estava fora do Brasil, autoridades brasileiras tentam a extradição de Allan dos Santos. Os EUA possuem um tratado de extradição com o Brasil, mas o Departamento de Estado do país informou que não extraditará o blogueiro por crimes de opinião. Quanto a outras acusações, houve um pedido de mais esclarecimentos.
O blogueiro saiu do Brasil três meses depois de ser alvo de operação da Polícia Federal. Segundo o STF, a data provável do embarque é 27 de julho. A ordem de prisão foi expedida em outubro de 2021. Moraes acolheu um pedido da PF, que apontou a “reincidência” na prática de crimes como ameaça, injúria, calúnia e difamação. Allan dos Santos teve perfis bloqueados em julho de 2020, em decisão no inquérito das fake news. Desde então, porém, registra aparições esporádicas nas redes sociais. (Estadão Conteúdo)