Segunda-feira, 27 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de maio de 2020
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, informou que deixará o cargo nesta segunda-feira em mensagem enviada aos colegas de equipe. Ela era remanescente da gestão de Luiz Henrique Mandetta, que foi demitido do posto de ministro da Saúde pelo presidente Jair Bolsonaro.
Wanderson é um dos principais responsáveis pela estratégia de combate à Covid-19 no Brasil, tendo sido o elaborador das chamadas “medidas não farmacológicas”, ou seja, que não envolvem medicamentos, incluindo o distanciamento social.
Antes mesmo da saída de Mandetta, quando a situação do então ministro já estava insustentável devido às divergências com Bolsonaro, que pressionava pelo fim do distanciamento social e pela liberação do uso ampliado da cloroquina, em meados de abril, Wanderson pediu demissão. Mas Mandetta não aceitou.
Com a saída de Mandetta e a chegada do oncologista Nelson Teich, Wanderson manteve a posição de que sairia, mas se colocou à disposição para ajudar na transição, antes de tirar uns dias de férias, de 4 a 19 de maio. Teich foi demitido e, agora, o ministério é dirigido pelo general Eduardo Pazuello, que nomeou mais de 15 militares para postos-chave.
No retorno das férias, em conversa com Pazuello, ficou definido que Wanderson deixará o cargo no dia 25. Servidor civil do Hospital das Forças Armadas, onde é enfermeiro epidemiologista, ele se reapresentará no órgão de origem.
“Apesar de sair da função de Secretário de Vigilância em Saúde, continuarei ajudando ao Ministro Pazuello nas ações de resposta à Pandemia. Somos da mesma instituição, Ministério da Defesa e conosco é missão dada, missão cumprida”, afirma Wanderson na mensagem em que se despede de colegas.
Formado em enfermagem, Wanderson é doutor em epidemiologia, com produção acadêmica na área. Teve passagens anteriores pelo Ministério da Saúde, onde é reconhecido pela atuação nos bastidores da pandemia do H1N1 e da zika. Também já foi pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Assumiu o cargo de secretário de Vigilância em Saúde no ministério com a chegada de Mandetta.
Teich
O ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, recusou no sábado o convite do general Eduardo Pazuello para ser conselheiro da pasta. “Agradeço ao Ministro Interino Eduardo Pazuello pelo convite para ser Conselheiro do Ministério da Saúde, mas não seria coerente ter deixado o cargo de Ministro da Saúde na semana passada e aceitar a posição de Conselheiro na semana seguinte”, escreveu Teich no Twitter.
Em uma série de postagens, o ex-ministro defendeu uma condução técnica da pasta com estratégia, planejamento, metas e ações baseadas em informações precisas. “Quando assumi o MS, o objetivo era trazer um modelo de gestão mais técnica, que aumentasse a eficiência do Sistema e melhorasse o nível de saúde da sociedade”, escreveu Teich.
“Ser mais técnico não significa apenas uma condução médica mais técnica. Isso seria tratar o problema de forma simplista. Uma condução técnica do Sistema de Saúde significa uma gestão onde estratégia, planejamento, metas e ações são baseadas em informações amplas e precisas, acompanhadas continuadamente através de indicadores”, completou.