Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 5 de março de 2020
A produção e a rentabilidade na cultura do trigo foram os temas principais do Fórum do Trigo, realizado na tarde de desta quarta-feira, 4, no auditório central do Parque da Expodireto Cotrijal. Apesar de ser apontada pelos palestrantes como uma cultura “que não empolga” os produtores em geral, foi reforçada como importante alternativa dentro do sistema de produção.
Cláudio Kapp Júnior, pesquisador do Setor de Economia Rural da Fundação ABC, trouxe resultados de pesquisa realizada entre 1995 e 2018, abordando 25 safras em uma área de 422 mil hectares de trigo no Paraná e em São Paulo. O resultado final apontou lucro de cerca de R$ 230,00 por hectare. “Isso é expressivo. Mostra que o trigo é muito importante dentro do sistema de produção e uma boa opção de inverno. Não é a única, mas o produtor pode introduzir o trigo para aumentar os índices de rentabilidade de sua propriedade”.
O pesquisador afirmou que o produtor está acostumado a, normalmente, avaliar uma safra independente, isolada. Assim, pode encontrar um saldo negativo para o trigo e achar que a cultura não é rentável na sua propriedade. “No entanto, a pesquisa comprovou que numa média de anos bons e ruins, o trigo foi mais rentável do que a cobertura verde, que não tem contrapartida de receita”, comentou.
Já o coordenador da assessoria do Grupo Agros, Carlos André Fiorin, recomendou ao produtor planejar lavoura, levando em conta a realidade de cada região, e ficar atento aos custos de produção que tiveram uma alta importante nos últimos cinco anos. “Necessariamente, não precisa ter lucro, mas tem que cobrir pelo menos uma parte dos custos dentro da propriedade”, pontuou.
Para Fiorin, se o produtor alcançar uma média mínima de 60 sacos/hectare, ele consegue aumentar a rentabilidade de sua propriedade. “Se o produtor vender esta produção no valor de R$ 44,00 o saco, sobra R$ 1.000,00 para auxiliar nos custos de outros setores da propriedade”.
Paulo Cezar Vieira Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do RS (FecoAgro/RS), enfatizou que das 10 milhões de toneladas de trigo consumidas no Brasil, 2 milhões de toneladas são produzidas no RS.
Ele não apresentou números, mas fez questão de mencionar os benefícios do cereal no sistema de produção, como formação de palhada, melhor controle de pragas, doenças e plantas daninhas e otimização do maquinário e mão de obra. “Se vai plantar trigo, planta bem. O produtor quer ter resultados. Aumentar a produtividade sem gastar mais por isso”, concluiu.