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Fotos sensuais de deputada são deepfake; ferramentas indicam que imagens foram geradas por inteligência artificial

A candidata disse que as imagens foram produzidas com o objetivo de desmoralizar sua campanha eleitoral. (Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados)

Circula nas redes sociais duas fotografias da deputada federal Tabata Amaral, candidata à Prefeitura de São Paulo pelo PSB, em poses sensuais. É #FAKE. Em uma das imagens manipuladas, Tabata aparece mostrando a língua e usando orelhas do coelhinho da Playboy. Na outra, a deputada veste um maiô e se apoia sensualmente num sofá.

As fotos são acompanhadas da legenda: “Tabata Claudia Amaral de Pontes é uma politóloga, ativista pela educação e política brasileira filiada ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). Atualmente exerce o mandato de deputada federal pelo estado de São Paulo”.

Procurada, a campanha de Tabata afirmou que apresentou uma notícia-crime à Justiça Eleitoral contra as publicações que disseminam as deepfakes. A denúncia tramita em segredo de Justiça, por isso não há outros detalhes disponíveis.

A candidata disse que as imagens foram produzidas com o objetivo de desmoralizar sua campanha eleitoral. “Eu não sei quem foi que produziu as imagens, não posso fazer uma acusação sem prova. Espero que a Justiça nos próximos dias possa dizer quem é que fez as imagens e possa penalizar”, declarou.

O Fato ou Fake submeteu as imagens a duas ferramentas de detecção de inteligência artificial (AI) e descobriu que elas foram produzidas pela técnica de deepfake — por meio dela é possível produzir cenas realistas nas quais a candidata aparecendo fazendo coisas que nunca fez antes.

O TrueMedia.org apontou que há provas substanciais do uso de inteligência artificial. Na foto de maiô, por exemplo, a ferramenta analisou que o comprimento e as proporções das pernas parecem exageradas em comparação à anatomia humana comum.

Inteligência artificial

Já a ferramenta Hive Moderation indicou que há 97,7% de chance das imagens terem sido geradas por inteligência artificial. O perito em crimes digitais Wanderson Castilho também analisou as imagens a pedido do Fato ou Fake e concluiu que elas são criação de AI.

“AI tem dificuldades em acabamento como mãos, cabelos, dedos e bordas. Se você notar as orelhas da primeira foto com a língua para fora, estão embaçadas, porém, a bochecha não. Isso ocorreu devido aos fios de cabelos no momento da criação. Também note que os brincos não são os mesmos. No momento da criação a AI reproduziu diferente”, explicou o perito.

Na segunda foto, Castilho avaliou que o “acabamento da pele ficou flutuando no maiô, com recorte muito mal feito”. A mão esquerda sob o sofá também parece estar com o pulso quebrado — mais um indicativo do uso da AI. O perito também submeteu as fotografias à ferramenta FaceCheck.ID — capaz de realizar reconhecimento facial. Na avaliação de Castilho, fotos reais da face da candidata foram usadas como modelo para a produção da deepfake.

 

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