Domingo, 24 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 4 de julho de 2023
Se não der para ficar em casa, o fato de estar bem agasalhado ajuda na prevenção de doenças.
Foto: Alex Rocha/PMPAO frio já atinge várias regiões do País e, nesse cenário, um alerta se faz importante: dias mais gelados são associados a um maior risco de complicações cardíacas. Para ter ideia, segundo estudo coordenado pelo cardiologista Luiz Antonio Machado Cesar, assessor científico da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), quando a temperatura média fica abaixo de 14ºC, a probabilidade de sofrer um infarto sobe 30%. Também há um perigo aumentado de acidente vascular cerebral (AVC), o popular derrame.
Como afeta o coração?
Isso se deve a alguns fatores. O primeiro é a maior incidência de doenças respiratórias causadas por vírus, como a gripe. É que esse tipo de quadro dispara uma inflamação no organismo. Acontece que, segundo Cesar, uma resposta exacerbada nesse sentido pode provocar o rompimento de uma placa presente em uma artéria. Isso pode gerar coágulos, levando a um entupimento. Se essa estrutura for do tipo que supre o coração, o resultado é o infarto. Caso ela se localize no cérebro, aí pode culminar no AVC.
Outro fator decisivo diz respeito a um processo chamado de vasoconstrição. Esse mecanismo natural do corpo é caracterizado pela contração dos vasos sanguíneos e tem o objetivo de, entre outras coisas, manter o equilíbrio térmico. Caso isso aconteça em vias já parcialmente obstruídas, pode levar a um ataque cardíaco ou derrame, dependendo da artéria afetada.
Além disso, quando o ar frio entra em contato com a mucosa respiratória – seja do nariz, da laringe, da faringe ou dos brônquios –, estimula a produção de proteínas que contribuem para uma maior coagulação sanguínea, de acordo com o cardiologista. E isso pode atravancar o fluxo de sangue nos vasos que irrigam coração e cérebro.
Idosos correspondem ao maior grupo de risco. É que muitos indivíduos acima de 65 anos já apresentam fatores que predispõem a eventos cardíacos, como hipertensão e problemas nas artérias.
Mas, independentemente da idade, pessoas com hipertensão, diabetes ou que já tenham sofrido um infarto devem ficar especialmente atentas.
Cesar esclarece que o grande problema não é a variação brusca da temperatura, e sim o frio intenso mesmo – e quem mora em locais com o clima tradicionalmente mais gelado não está mais protegido. “O risco de infarto para alguém que vive em uma região mais fria ou mais quente é o mesmo se a temperatura ficar abaixo de 14 ºC”, reforça o médico.
Curiosamente, o perigo de um ataque cardíaco nesse contexto de frio é maior no Brasil do que em países do hemisfério norte, que chegam a enfrentar temperaturas negativas no inverno. Cesar explica que isso acontece porque, nessas nações, a população costuma contar com sistemas de aquecimento em casa e em outros ambientes. Por isso, as taxas de aumento no risco de infarto em locais como o Canadá e o norte dos Estados Unidos, por exemplo, ficam na faixa dos 10 a 12%.
Como se proteger
A melhor forma de evitar que o frio interfira no risco cardíaco é apostar na vacinação contra a gripe e outras doenças respiratórias, que potencializam a ocorrência de inflamações.
Além disso, o cardiologista aconselha pessoas idosas e com doenças cardiovasculares pré-existentes a permanecerem em casa em dias muito gelados.