Sábado, 11 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de setembro de 2018
Um grupo de aproximadamente 15 funcionários do Museu Nacional entrou no prédio, às 15h desta segunda-feira (3), em busca de objetos e peças do acervo que possam ter escapado às chamas. Eles entraram pela porta principal, acompanhados por soldados do Corpo de Bombeiros.
Os funcionários removem cuidadosamente restos de escombros, como pedaços de madeiras, telhas e mesmo vigas metálicas, na esperança de encontrar algum objeto de valor histórico. Normalmente, o trabalho de rescaldo é feito apenas pelos bombeiros, mas como se tratam de peças antigas, é necessário acompanhamento dos especialistas, para distinguir um simples resto de escombro de um artigo valioso.
Munidos com martelos, pás e enxadas e usando apenas capacete, sem luvas, os funcionários trazem para fora as peças que encontram, colocando as menores dentro de caixas plásticas. Algumas rochas da Coleção Werner, que ficavam próximas à saída, foram retiradas, inclusive rochas pesadas, carregadas nos ombros.
Uma das primeiras peças retiradas foi um grande quadro, ainda emoldurado, carregado por quatro funcionários. O trabalho é lento e minucioso, pois muitas peças ainda podem estar em condições de recuperação, abaixo de toneladas de madeiras queimadas e telhas de barro. Os três andares do museu desabaram um por cima do outro até o chão.
Apenas bombeiros e funcionários do museu podem ingressar dentro do prédio. Os jornalistas e demais pessoas ficam a cerca de 20 metros de distância, por questão de segurança. Entre as peças mais raras, estão as múmias egípcias, compradas pelo Brasil por Dom Pedro I, e o crânio de Luzia, o mais antigo fóssil humano encontrado no País, com cerca de 12 mil anos.
A busca dos funcionários, entretanto, durou apenas 15 minutos. Agentes da Polícia Federal pediram para eles se retirassem para dar início às investigações sobre as causas do incêndio.
Macron oferece apoio de especialistas da França
O presidente da França, Emmanuel Macron, ofereceu nesta segunda-feira (3) a ajuda de especialistas franceses em arte para contribuir com a reconstrução do Museu Nacional do Rio de Janeiro, o mais antigo do Brasil e que foi destruído por um incêndio que começou no domingo (2).
“O incêndio no Museu do Rio é uma tragédia. É a história e a memória reduzidas a cinzas. A França oferecerá seus especialistas a serviço do povo brasileiro para contribuir para a reconstrução”, disse Macron no Twitter.
Embora Macron não tenha detalhado em sua mensagem a que tipo de especialistas se referiu, a ministra da Cultura da França, Françoise Nyssen, explicou em comunicado que ofereceu ao embaixador brasileiro na França “todo o conhecimento dos agentes do Ministério da Cultura” em aspectos de museografia, conservação e gestão de coleções e arquivos”.
Além disso, a ministra disse que “as equipes dos museus franceses estão à inteira disposição das equipes brasileiras, em coordenação com os serviços da Embaixada da França no Brasil”.
O Ministério disse ainda que o incêndio significa “tanto para o Brasil como para os pesquisadores de todo o mundo o maior desastre para o conhecimento da história” do País latino-americano e para a compreensão de sua “diversidade cultural e natural”.
“Todos os arquivos científicos foram destruídos, sendo alguns de interesse patrimonial e científico de grande importância, como o fóssil de Luzia, o mais antigo hominídeo (11.500 a 13 mil anos atrás) descoberto no Brasil em 1974 graças a uma equipe franco-brasileira”, afirmou o ministério.