Ícone do site Jornal O Sul

Fundo Monetário Internacional agora vê alta de 3% no PIB do Brasil; revisão é a maior entre as principais economias do mundo

Mesmo assim, o País deve cair para 10ª posição no ranking global neste ano. (Foto: Reprodução)

Na semana em que recebe autoridades de finanças de seus países-membros em sua sede, em Washington (EUA), o Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou a mais nova versão do seu relatório periódico World Economic Outlook, que faz um panorama da economia global e dos principais países que a movimentam.

O Fundo revisou para cima sua projeção para o crescimento econômico do Brasil neste ano, de 2,1%, que era a taxa prevista em julho, para 3% agora. A alta na projeção brasileira, de 0,9 ponto percentual, é a mais intensa entre as 16 principais economias globais elencadas pelo Fundo.

E, mesmo com uma projeção maior para o PIB brasileiro neste ano, o país deve cair da nona para décima posição entre as maiores economias globais em 2024. Mas, em 2028, o país voltará a subir no ranking, chegando à posição de sétimo maior PIB do planeta. Confira abaixo em infográfico animado o sobe e desce das 20 maiores economias globais:

De acordo com o relatório, a melhora para a previsão do PIB brasileiro neste ano se deve a um desempenho mais forte que o esperado do consumo privado no País e dos investimentos no primeiro semestre devido à maior geração de empregos e à transferência de renda do governo por meio de programas sociais. O Fundo também destaca consequências menores com as enchentes no Rio Grande do Sul.

Mas o FMI vê um cenário menos auspicioso para o Brasil no ano que vem. A previsão para o avanço do PIB brasileiro em 2025 recuou ligeiramente, de 2,4% para 2,2%.

Juros mais altos 

O relatório, no entanto, observa que a necessidade de manutenção de juros mais altos para conter a inflação no Brasil é o que explica a menor expectativa de crescimento em 2025, quando a política monetária pode se refletir em um esfriamento do mercado de trabalho.

A previsão atual do FMI para a economia brasileira se aproxima da projeção do governo Lula, que, no mês passado, revisou suas estimativas para o PIB de 2,5% para 3,2%. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse esperar que a economia cresça a uma taxa média superior a 2,5% ao ano durante o atual mandato de Lula, que termina em 2026.

Nova fase

O estudo, divulgado durante as reuniões anuais do FMI com autoridades de finanças dos países-membros, traça um panorama da economia mundial. O Fundo reduziu sua previsão de crescimento global para o próximo ano e alertou sobre o aumento dos riscos, desde guerras até o protecionismo comercial, embora tenha creditado aos bancos centrais o controle da inflação sem causar recessão nos principais países.

O PIB global crescerá 3,2%, 0,1 ponto percentual mais lento do que a estimativa de julho, disse o FMI. A projeção para este ano foi mantida em 3,2%. A China deve crescer menos do que o previsto em 2024 — o Fundo vê uma alta de 4,8% agora, contra previsão de julho de 5%. Já os EUA devem ter expansão maior — 2,8%, contra 3% previstos em julho.

O Fundo vem alertando há alguns anos que a economia mundial provavelmente continuará a crescer em seu nível medíocre atual no médio prazo — insuficiente para fornecer aos países os recursos necessários para reduzir a pobreza e enfrentar as mudanças climáticas.

O relatório diz que a batalha global contra a inflação no pós-pandemia foi “largamente vencida”, mas alerta que ainda há pressões de preços persistentes. De acordo com as projeções do FMI, depois do pico de 9,4% ao ano no terceiro trimestre de 2022, a inflação mundial deve baixar a 3,5% no fim de 2025, abaixo da média entre 2000 e 2019, pré-pandemia.

Na maioria dos países, segundo o Fundo, a inflação está se aproximando das metas estabelecidas para seus bancos centrais. Apesar da onda de aperto monetário em todo o mundo para conter a inflação, o FMI destaca que a economia global se manteve resiliente, contrariando os temores dos economistas de uma recessão provocada por juros altos. Agora, as taxas básicas começam a cair, inclusive nas duas maiores economias do mundo, EUA e China.

Vencida a inflação global, o FMI, no entanto, aponta outros riscos para a economia no planeta, como a escalada de conflitos militares regionais (como na Ucrânia, na Faixa de Gaza e no Sudão) e seu impacto nas commodities, juros altos por mais tempo que o necessário e uma possível volta da volatilidade nos mercados financeiros com efeitos negativos no mercado de títulos soberanos de dívida e um crescimento mais moderado da economia chinesa.

O Fundo também alerta sobre os limites que o protecionismo crescente e o uso de políticas industriais podem impor ao comércio internacional.

Para o FMI, o declínio da inflação sem provocar uma recessão global merece ser comemorado, resultando em taxas mais altas de crescimento econômico nas economias mais ricas e nas em desenvolvimento.

Sair da versão mobile