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Furacão Oscar chega a Cuba com ventos de mais de 120 km/h

Cuba enfrenta a pior crise em 30 anos e o fenômeno climático pode piorar a escassez de alimentos e medicamentos. (Foto: Reprodução)

O furacão Oscar tocou o solo de Cuba na noite do domingo (20) em meio a um apagão que deixou milhões de pessoas sem energia desde a sexta (18). De acordo com o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos, a tormenta chegou à ilha caribenha com ventos de mais de 120 km/h. A expectativa é que o Oscar traga tempestades em partes da costa norte de Cuba.

Lá pelo meio da semana, as chuvas fortes devem causar inundações e deslizamentos de terra em algumas áreas do leste cubano, principalmente na região de Sierra Maestra. São esperadas, também, queda de árvores e linhas de energia dos poucos locais que tiveram a energia religada no sábado.

O furacão Oscar é o décimo a atingir o Atlântico nessa temporada. Meteorologistas preveem mais de 15 centímetros em algumas regiões. Em outras, a expectativa é de mais de 20 centímetros de precipitação. A tormenta não deve chegar aos Estados Unidos.

Cuba enfrenta a pior crise em 30 anos e o fenômeno climático pode piorar a escassez de alimentos e medicamentos.

As autoridades do leste da ilha “já trabalham arduamente para proteger a população e os recursos econômicos, dada a iminência do furacão Oscar”, garantiu o presidente Miguel Díaz-Canel, em uma mensagem publicada sábado à noite na rede social X.

A chegada do furacão associada ao gigantesco corte de energia, em curso desde sexta-feira (18) e que ocorre na sequência de cortes crônicos do abastecimento, torna mais dura a vida dos 10 milhões de habitantes da ilha, que enfrentam ainda uma inflação galopante no país.

Em outra mensagem no X, a presidência cubana relatou avanços na restauração do sistema elétrico. “16% dos consumidores já têm eletricidade e cerca de 500 megawatts estão a ser gerados. O sistema continuará a aumentar a sua carga nas próximas horas”, prometeu.

Para efeito de comparação, o país consumiu 3.300 megawatts na quinta-feira, um dia antes do apagão total de energia ligado ao colapso da principal central térmica da ilha, localizada em Matanzas (oeste).

Na quinta-feira, o presidente cubano anunciou que a ilha enfrentava uma “emergência energética” por conta das dificuldades na aquisição de combustível necessário para abastecer suas centrais, em razão do reforço do embargo imposto pelos EUA desde 1962.

Habitantes cansados

Na noite de sábado, a maior parte das áreas de Havana estavam às escuras, exceto hotéis e hospitais equipados com geradores de emergência e as poucas residências particulares que possuem este tipo de equipamento.

“A situação é muito difícil, mas procuro manter a calma, porque já existe muito estresse neste país”, disse à AFP Yaima Valladares, uma dançarina de 28 anos.

Isabel Rodriguez, de 72 anos, relata dificuldades para dormir, como muitos dos seus compatriotas, já que os ventiladores não podem ser ligados: fazia 27°C na noite deste sábado, com humidade elevada que fazia a sensação térmica ser de 32°C.

O presidente Díaz-Canel realizou uma reunião de supervisão na noite de sexta-feira, durante a qual prometeu que não haveria descanso para os serviços do Estado até que a eletricidade fosse totalmente restaurada na ilha.

“As pessoas estão um pouco irritadas porque há muito tempo que falta energia e só Deus sabe quando será restabelecida”, disse Rafael Carrillo, mecânico de 41 anos, que disse ter caminhado quase cinco quilômetros devido à falta de meios de transporte.

“Ficamos quatro ou cinco horas esperando o guagua (ônibus) e, quando ele passa, está lotado e não para”, contou ele, cansado.

“Sem luz, é quase impossível estudar”, explica um jovem de 18 anos, que não quis se identificar. “Meu telefone está sem bateria, não temos mais internet, a conexão também desapareceu e não consigo ligar para a minha família porque o telefone fixo também não está funcionando.”

Há três meses, os cubanos sofrem cortes de energia cada vez mais frequentes, com um déficit energético nacional de 30%. Na quinta-feira (17), esse déficit atingiu os 50%.

Nas últimas semanas, em várias províncias, os cortes de energia duraram mais de 20 horas por dia. Em Cuba, a luz é produzida por oito centrais termelétricas em ruínas, por vezes danificadas ou em manutenção, assim como várias centrais flutuantes – que o governo aluga de empresas turcas – e geradores. As informações são da CNN e do G1.

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