Quinta-feira, 09 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de julho de 2024
Pioneirismo de Marianita na conquista de direitos das mulheres no futebol está presente em exposição
Foto: Renata Beltrão/DivulgaçãoPor 38 anos, o futebol feminino foi proibido no Brasil. Nesse período, mulheres e defensores do esporte trabalhavam para reverter esse cenário. A conquista foi alcançada apenas em 1979. Dentre estes personagens, estão o Grêmio e suas atletas, com destaque para Marianita Nascimento, uma das pioneiras da modalidade. Agora, essa história é contada no novo Museu do Futebol, reinaugurado no dia 11 de julho.
O local, sediado em São Paulo, passou por reforma e atualização, e em sua reabertura prega que o futebol é parte inseparável da cultura brasileira – e que pode também ser espaço importante para discussões sobre racismo e protagonismo das mulheres.
Além de espaços dedicados à categoria masculina, como ao Rei Pelé, o museu se tornou mais inclusivo e divertido, ganhando novas salas e mais recursos de acessibilidade. Marta, considerada seis vezes a melhor jogadora do mundo, recepciona o público na última sala, em projeção em tela de tamanho natural.
Nessa nova versão do espaço, o futebol feminino ganha sua devida importância, junto a outros temas contemporâneos. Na Sala das Origens, há imagens raras que mostram mulheres brasileiras jogando futebol a partir de 1920 – por enquanto, os registros mais antigos de que se tem notícia.
Entre os grandes marcos dessa história está o decreto assinado em 1941 pelo então presidente do Brasil, Getúlio Vargas, que vetou a prática da modalidade por mulheres. A justificativa era de que o esporte seria “incompatível com as condições de sua natureza”. O veto durou quatro décadas.
Dentro deste contexto, está Marianita Nascimento, que montou e foi capitã da primeira equipe de futebol feminino do Grêmio, mas com atuação muito além das quatro linhas. Junto a outras companheiras, ela trabalhou também na regulamentação da modalidade, conquistada em 1983. Posteriormente, Marianita foi contratada pelo E.C. Radar, para reforçar o time carioca na primeira viagem de um time de mulheres brasileiras à Europa.
Atualmente, Marianita é diretora de Futebol Feminino no Grêmio. Para ela, ver essa história sendo mostrada no Museu do Futebol é de uma relevância indescritível.
“Uma geração que plantou, enfrentou muitas barreiras, que precisou ser forte e competente para conseguir fazer o que amava: jogar futebol. São muitas histórias por trás da lei que proibia o futebol feminino no Brasil, e a nossa foi dentro do Grêmio. Agora, ela está sendo valorizada em um dos mais importantes museus dedicado ao futebol no mundo. É mais uma conquista da modalidade”, declara Marianita.
O trabalho de resgate da história do futebol feminino do Tricolor gaúcho e o destaque a Marianita foi realizado em conjunto com a equipe do Museu do Grêmio. A museóloga Sibelle da Silva esteve representando o clube no evento de reabertura do museu em São Paulo.
“A presença do futebol feminino do Grêmio no Museu do Futebol mostra a relevância desse pioneirismo. Um passado que por muito tempo foi apagado, uma parte da história em que o Tricolor tem importância nacional para a modalidade”, reflete Sibelle. “As imagens dessas mulheres vestindo a camisa do Grêmio é algo simbólico, é um orgulho e um reconhecimento duplo para o nosso Clube e nossas pioneiras”, completa.
A coordenadora regional Consular de São Paulo, Andrea Ladvid, também esteve presente no evento e atuou para a concretização da presença do Grêmio no espaço. ”
“O Grêmio tem trabalhado o resgate histórico do futebol feminino, ressignificando todo pioneirismo do Grêmio através das suas atletas. Fazer parte do Museu do Futebol, reinaugurado no mesmo período em que o Brasil é anunciado como sede da Copa do Mundo Feminina de 2027, reforça a importância do Imortal como um clube que tem papel fundamental na história da luta das mulheres para exercerem seu direito de praticar o esporte”, afirma.
Localizado no Mercado Livre Arena Pacaembu, antigo Estádio do Pacaembu que ainda está em obras, o Museu do Futebol é um dos mais visitados da capital paulista. Mais informações podem ser obtidas no site www.museudofutebol.org.br.
Museu do Grêmio
A pesquisa sobre a trajetória do futebol feminino se iniciou pelo Museu do Grêmio, ainda em 2017, através da historiadora Bárbara Lauxen e da museóloga Sibelle Silva, que iniciou o projeto “Narrando Histórias”. Em 2020, a pesquisa tomou forma e culminou com essa história sendo compartilhada na plataforma de exposições virtuais EMuseu do Esporte, com curadoria do arquivista Sandro Pasinato.
Desde então a equipe do Museu do Grêmio tem incluído mais peças de seu acervo nas exposições e promovido ações educativas não só para a torcida tricolor, mas também com pesquisadores das memórias do futebol feminino através do eixo museológico Mulheres no Grêmio.