O ministro da Fazenda do governo Lula, Fernando Haddad, diz que o governo terá quatro anos, mas a economia precisa se ajustar logo no primeiro. Houve, pelos cálculos dele, um aumento de gastos de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) pelo governo Bolsonaro para ganhar a eleição, 1,5 ponto percentual de aumento de gastos e 1,5 ponto de desonerações sem base técnica. E agora é preciso arrumar a casa.
“A hora de fazer arranjo é no primeiro ano”, afirmou Haddad em entrevista ao jornal O Globo.
Perguntado se será um anúncio formal no começo do governo, ele disse que serão vários:
“Serão vários anúncios formais, mas o que eu quero dizer é: o governo tem que dizer ao que veio logo. Arrumar a casa é o item um. Rever desonerações e benesses que foram dadas eleitoralmente e que não têm base técnica nenhuma. Temos que rever os atos desesperados. Isso é uma sinalização clara porque o Banco Central vai responder a ela, os investidores estrangeiros vão responder.”
O futuro ministro disse que essa é a sua máxima prioridade:
“Acredito que será logo no primeiro trimestre, porque depois disso vem uma agenda mais estrutural, com a nova regra fiscal e a reforma tributária.”
Haddad também garantiu que o deficit primário de R$ 220 bilhões previstos no Orçamento de 2023 será menor.
“Esse déficit não vai acontecer, ponto final. Isso não vai acontecer. Não é a maneira que eu trabalho”, afirmou.
Mais anúncios
Haddad anunciou nessa quarta (28) mais dois nomes que vão compor a sua equipe ministerial a partir do próximo ano. São eles:
- Tatiana Rosito, servidora do Ministério das Relações Exteriores, para comandar a Secretaria de Assuntos Internacionais; e
- Fernanda Santiago, servidora da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), para chefiar a Assessoria Especial de Assuntos Jurídicos.
Antes, o futuro ministro já havia anunciado:
- Gabriel Galípolo como secretário-executivo;
- Bernard Appy como assessor especial para a reforma tributária;
- Rogério Ceron para o Tesouro Nacional;
- Robinson Barreirinhas para a Receita Federal;
- Guilherme Mello para a Secretaria de Política Econômica;
- Marcos Barbosa Pinto para a Secretaria de Reformas Econômicas; e
- Anelize De Almeida para a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).
Com os anúncios mais recentes, os principais cargos dentro do futuro Ministério da Fazenda já foram preenchidos. Falta ainda anunciar os presidentes das estatais que ficarão sob o guarda-chuva da pasta.
Haddad afirmou que Fernanda e Tatiana foram indicações das próprias carreiras para ocupar o ministério. Segundo o futuro ministro, elas foram “muito bem” recomendadas e farão interface com outros ministérios e órgãos do governo federal.
Ainda segundo Haddad, Tatiana Rosito vai para a Fazenda devido à sua experiência com a China.
“Tatiana morou dez anos na China. A última função que ela exerceu foi justamente em relação ao Banco do Desenvolvimento [dos Brics, atual NDB]. Então, estamos trazendo uma pessoa que tem larga experiência em China, em Brics”, afirmou.
A indicação dela foi acordada com o futuro ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Tradicionalmente, a secretaria de Relações Internacionais da Fazenda atua em parceria com o Itamaraty nas relações comerciais internacionais do Brasil.