Sábado, 28 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 31 de outubro de 2021
Líderes do grupo buscam decisão sobre meio ambiente às vésperas da COP26 e criação histórica de imposto global único para grandes corporações
Foto: ReproduçãoO segundo e último dia do encontro dos países do G20 em Roma, na Itália, tem na agenda deste domingo (31) temas sensíveis: as negociações sobre mudanças climáticas e meio ambiente.
Os países enfrentam a difícil tarefa de superar suas diferenças sobre como combater o aquecimento global em meio ao início, também neste domingo, de outro grande evento global, a COP26, a cúpula sobre mudanças climáticas da ONU (Organização das Nações Unidas), que ocorre em Glasgow, na Escócia.
O G20 — que inclui Brasil, China, Índia, Alemanha e Estados Unidos — é responsável por cerca de 80% das emissões globais de gases do efeito estufa, que cientistas dizem que devem ser drasticamente reduzidas para evitar a catástrofe climática.
Por isso, o encontro deste fim de semana é visto como um importante trampolim para a COP26, que terá a participação de quase 200 países, em Glasgow, na Escócia, para onde a maioria dos líderes do G20 voará diretamente de Roma.
Limite de aquecimento a 1,5 graus Celsius
Um quinto rascunho da declaração final do G20 visto pela Reuters no sábado não endureceu a linguagem sobre a ação climática em comparação com versões anteriores e cita a necessidade de atingir emissões líquidas zero até 2050.
Esta data-alvo de 2050 é uma meta que os especialistas das Nações Unidas dizem ser necessária para limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius, encarado por eles como o limite para evitar uma aceleração dramática de eventos extremos, como fortes secas, tempestades e inundações.
Especialistas da ONU dizem ainda que mesmo que os planos nacionais atuais para reduzir as emissões sejam totalmente implementados, o mundo se encaminha para um aquecimento global de 2,7 °C.
O maior emissor de carbono do planeta, a China, tem como objetivo líquido zero em 2060, enquanto outros grandes poluidores, como Índia e Rússia, também não se comprometeram com o prazo de meados do século.
Os ministros de energia e meio ambiente do G20 que se reuniram em Nápoles em julho não conseguiram chegar a um acordo sobre a definição de uma data para eliminar os subsídios aos combustíveis fósseis e acabar com a energia do carvão. A decisão sobre isso ficou para este domingo.
Alguns países em desenvolvimento relutam em se comprometer com cortes drásticos nas emissões até que os países ricos cumpram a promessa, feita há 12 anos, de fornecer US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020 para ajudá-los a enfrentar os efeitos do aquecimento global.
Essa promessa ainda não foi cumprida, contribuindo para a “desconfiança” que o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, disse na sexta-feira, estar prejudicando o progresso nas negociações climáticas. O rascunho enfatiza ainda a importância de cumprir a meta e fazê-lo de forma transparente.
Ao comentar ontem, em Roma, o esforço brasileiro em ser membro pleno da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o ministro Paulo Guedes afirmou que o Brasil vai se engajar na agenda da mudança climática.
“O Brasil vai se engajar na agenda de mudanças climáticas, tendo também esse olhar especial que nos permita receber por pagamentos de serviços ambientais. Se o Brasil preservou a natureza, ele tem que receber pela preservação dos serviços ambientais”, afirmou Guedes.