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Colunistas Gabeira

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O jornalista Fernando Gabeira é um dos mais lúcidos observadores da vida nacional. Tem bagagem e inteligência, fala e escreve do alto de uma densa experiência de vida. Guerrilheiro, acabou preso e trocado pelo embaixador americano Charles Elbrick, em 1969. Esteve exilado em vários países durante quase 10 anos. De volta, se tornou uma das vozes mais influentes a introduzir no Brasil o debate ambiental e a questão dos direitos das minorias. Deputado federal por três legislaturas, teve conduta operosa e exemplar.

É um dos raros nomes do jornalismo brasileiro capaz de dar um pouco de ordem na balbúrdia geral e trazer luz aos fatos, traduzindo-os para a melhor compreensão do grande público. Ler os seus textos é um bálsamo, neste país convulsionado pelas certezas absolutas de tantos “especialistas” que parecem dar preferência a falar de assuntos que não entendem.

O ex-guerrilheiro, que sofreu nas mãos do Exército quando foi preso, deveria ser contrário à intervenção militar no Rio de Janeiro. Para decepção das esquerdas, Gabeira defende a operação. Depois da redemocratização, ele foi olhar de perto a ação das forças armadas no Haiti, na Amazônia (fronteira com Colômbia e Venezuela) e na distribuição de água e alimentos no Nordeste.

Convenceu-se de que o Exército agora é outro, pouco tem a ver com o passado sombrio do regime militar. Não irá botar em risco, nos morros e favelas do Rio, a credibilidade que adquiriu a duras penas junto à sociedade brasileira.

Violações dos direitos humanos, de ações truculentas contra o povo pobre? O jornalista responde: esse é o cotidiano dos moradores das comunidades do Rio. As milícias, os traficantes, matam quando querem, estupram quando querem, e as suas vítimas preferenciais e diárias são, exatamente, as populações pobres. Assim, estar contra a intervenção militar, é fazer o jogo da bandidagem, significa perpetuar o inferno que é a vida dos oprimidos no Rio.

Ah, mas a intervenção foi uma manobra política do governo Temer. Pode ser, diz Gabeira. E se for, então deve-se parar a operação e deixar tudo como está?

Bandidos – Gabeira chama-os pelo nome – não são mensageiros de nenhuma luta de libertação, como reza a esquizofrenia de certa esquerda.

O jornalista faz uma crítica severa aos partidos políticos brasileiros. São agremiações vazias, não acompanham a realidade, não discutem, não avançam: “vivem em um planeta próprio”.

Onda de conservadorismo no Brasil? Foi a esquerda que propiciou, com os seus erros clamorosos. A esquerda assaltou as estatais, arruinou o Brasil. E apesar das condenações da Justiça, dos milhões devolvidos, confissões e relatos, (a esquerda) teima na versão pueril de que não houve nada, que tudo não passa de perseguição.

Em que posição está o nosso personagem no espectro político? Centro-direita? Ele mesmo explica: quer discutir caso a caso, sem o viés ideológico. Mudou, porque mudou o mundo. Não deu nenhum salto. Evoluiu, da mesma medida em que evoluiu sua consciência.

O Brasil tem futuro? “Não creio em grandes amanhãs. A mediocridade política brasileira não vai ser redimida de um momento para outro”.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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