O mundo dos games reprovou uma fala da ministra dos Esportes, Ana Moser, que afirmou que eSports não são esportes e fazem parte da indústria do entretenimento. Gamers e outras personalidades da área usaram as redes sociais para criticar a ex-jogadora de vôlei, que assumiu a pasta recriada no governo Lula.
Alguns relembraram uma publicação do perfil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a campanha eleitoral, em que o chefe do Executivo afirmava que os jogos eletrônicos não eram apenas entretenimento.
“Videogame não é apenas entretenimento, é também cultura, emprego e desenvolvimento tecnológico. Ontem gamers apresentaram propostas para o nosso Programa de Governo, pedindo políticas públicas que fortaleçam o setor de jogos eletrônicos no Brasil”, escreveu Lula em 18 de agosto de 2022.
Ary Rocco Jr., professor doutor na Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP), tende a concordar com as visões da ministra. “Uma série de fatores diferenciam o esporte de um jogo qualquer. Ele é caracterizado por um conjunto de regras, que são aceitas universalmente, e por um sistema esportivo institucionalizado e até mundial, como o COI, federações, confederações e assim por diante”, afirma. “No Brasil, há uma Confederação Brasileira de esports, mas ela não faz parte do sistema olímpico. Está isolada. Os esports caminham para, a meu ver, essa generalização dos conceitos dos esportes, mas ainda é um conceito muito amplo.”
Na terça-feira (10), Ana Moser afirmou que os eSports fazem parte da indústria do entretenimento. Ela comparou a preparação de um gamer a de um cantor, como Ivete Sangalo, para um show. A ministra também ponderou que, diferentemente dos esportes convencionais, os eSports são forjados sobre uma programação que de alguma maneira limita a imprevisibilidade.
“A meu ver, o esporte eletrônico é uma indústria de entretenimento, não é esporte. O que você fez foi se divertir, você não praticou esportes. ‘O pessoal treina para fazer’. Sim, treina, assim como a Ivete Sangalo também treina para dar show e ela não é uma atleta da música. Ela é uma artista que trabalha com entretenimento. O jogo eletrônico não é imprevisível, ele é desenhado por uma programação digital, cibernética”, afirmou a ministra.
“A parte boa disso é que a gente nunca precisou nem vai precisar dessa galera para dizer se é ou não esporte”, afirmou Gaules, uma das principais vozes dos eSports no País, em uma live na Twitch.
Nas redes sociais, outros gamers e streamers se posicionaram de forma crítica à declaração da ministra dos Esportes. Uma das principais divergências quanto ao ponto de vista de Ana Moser se dá sobre a capacidade dos eSports transformarem vidas, assim como os esportes convencionais.