Segunda-feira, 30 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 11 de janeiro de 2022
Se a inflação geral no Brasil já bateu recordes em 2021, alguns grupos específicos ficaram ainda mais caros nos últimos 12 meses.
Com uma tempestade perfeita nos cenários interno e externo, o IPCA, principal métrica inflacionária, fechou o ano em 10,06% — a maior alta desde 2015 e uma das maiores desde o início do Plano Real, em 1994.
A alta dos combustíveis, da gasolina ao gás de cozinha, liderou os aumentos de preço no ano. Ao todo, o grupo de combustíveis para veículos subiu quase 50%, enquanto os combustíveis domésticos subiram 36%.
Variações nos combustíveis são especialmente importantes porque impactam toda a cadeia de produção e logística, fazendo subir o preço de outros produtos e serviços.
A energia elétrica residencial, que subiu mais de 20% em 2021 puxada tanto pelo aumento do combustível (necessário para as termelétricas) quanto pela crise hídrica, também entra nessa conta, impactando os custos de produção em toda a cadeia.
Assim, dos nove grupos pesquisados pelo IBGE, que mede o IPCA, os que mais impactaram no aumento recorde em 2021 foram Transportes, com a alta de 49,02% no preço dos combustíveis no ano e Habitação, grupo que inclui a alta de 21,21% na energia elétrica, além de Alimentos e Bebidas.
Esse último grupo teve alta anual menor do que em 2020 (7,94%, ante 14,09% no ano anterior), mas o custo da alimentação segue pressionando o bolso do consumidor e o cálculo final do IPCA, dada sua grande importância na cesta do índice.
A alta no preço das commodities no mercado externo, que incentivam o produtor brasileiro a exportar sua produção, também segue sendo uma fonte de inflação, além de problemas climáticos vistos com algumas safras e a mesma alta dos combustíveis e do dólar, que encarece a produção.
Os alimentos que mais subiram, no geral, foram o subgrupo de açúcares e derivados e aves e ovos (que subiram quase 24%, mais que o subgrupo da carne, que teve alta de quase 9%). Entre alimentos individualmente, o campeão de aumentos em 2021 foi o café moído, que subiu mais de 50%.
A inflação no Brasil acontece em meio a uma combinação entre choques globais e problemas internos. A crise de oferta gerada pelos gargalos na cadeia de suprimentos na pandemia e o preço dos combustíveis são desafios que afetam o mundo todo, mas são também, no Brasil, somados a uma dose de questões nacionais, como risco político e fiscal que impacta no câmbio.
Um dos desafios para a economia brasileira é que as altas de preços em itens essenciais não têm sido, no geral, acompanhadas por aumento de renda da população. O desemprego segue em 12%, um dos maiores patamares da série histórica do IBGE.
O rendimento médio dos brasileiros (hoje perto de 2.500 reais) também diminuiu mais de 10% desde o pico do pagamento do auxílio emergencial, em meados de 2020.
Estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostrou que um trabalhador ganhando o salário mínimo comprometeu, em novembro do ano passado, quase 70% da renda líquida para pagar a cesta básica para apenas uma pessoa adulta nas principais capitais.
Veja os itens que mais subiram de preço em 2021:
1) Etanol — 62.23%
2) Café moído — 50.24%
3) Mandioca (aipim) — 48.08%
4) Açúcar refinado — 47.87%
5) Gasolina — 47.49%
6) Óleo diesel — 46.04%
7) Pimentão — 39.16%
8) Gás veicular — 38.72%
9) Açúcar cristal — 37.55%
10) Mudança — 37.09%
11) Gás de botijão — 36.99%
12) Mamão — 36.01%
13) Revista — 35.68%
14) Transporte por aplicativo — 33.75%
15) Fubá de milho — 32.82%
16) Filé mignon — 30.91%
17) Frango em pedaços — 29.85%
18) Pera — 29.59%
19) Pneu — 28.94%
20) Gás encanado — 28.49%.