A Polícia Federal (PF) encontrou em um HD do general Mário Fernandes um documento com detalhes da estratégia usada por deputados bolsonaristas durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro.
Ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, Fernandes foi preso em 19 de novembro por envolvimento no plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, em 2022.
De acordo com o site Metrópoles, o roteiro data de 16 de maio de 2023. O documento de três páginas, elaborado dias antes da instalação da CPMI, orientava os parlamentares a atacarem o governo federal, o STF e a Polícia Federal e apresentava diretrizes denominadas “ideias-forças”.
A intenção do roteiro, segundo o portal, era desgastar o governo Lula por meio de pedidos de impeachment, enfraquecer o STF e especificamente Moraes, e obter a libertação de envolvidos nos atos golpistas.
Entre as estratégias, destacava-se a tentativa de responsabilizar o governo federal pelos eventos de 8 de janeiro. A orientação sugeria alegar que a gestão de Lula foi omissa e leniente, mesmo tendo conhecimento prévio do risco de depredações.
A Polícia Federal também foi alvo do plano, que continha orientações para acusar a corporação de abusos e de cumprimento de ordens ilegais, relacionando a prisão de 1,5 mil extremistas realizada pela PF como uma violação do devido processo legal.
Orientador
Em outra frente, o general de brigada Mário Fernandes atuava como orientador do “pessoal do agro”, caminhoneiros e bolsonaristas alojados no acampamento montado em frente ao QG do Exército em Brasília após as eleições de 2022. A Polícia Federal identificou mensagens por WhatsApp que mostram como ele atuava. Os investigadores rastrearam também solicitações ao general.
A PF quer investigar se suas orientações chegaram aos invasores da sede da corporação em Brasília na noite de 12 de dezembro de 2022. Em relatório de 221 páginas que embasa a Operação Contragolpe, a PF cita três interlocutores de Fernandes – além dele, outros três militares e um policial federal foram presos sob suspeita de tramarem o plano “Punhal Verde e Amarelo” para o assassinato do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Os interlocutores do general, segundo a PF, eram Rodrigo Yassuo Faria Ikezili, marido de Klio Damião Hirano, apontada como uma manifestante radical presa na Operação Nero por participação nos atos de 12 de dezembro; Lucas Rotilli Durlo, o “Lucão”, caminhoneiro que estava no QG do Exército, apontado como um dos líderes do movimento; e Hélio Osório de Coelho, que se dizia militar e cujo contato estava salvo no celular do general como “comunidade evangélica”. As informações são do portal de notícias Terra e do jornal O Estado de S. Paulo.