Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 30 de janeiro de 2024
Ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) na gestão de Jair Bolsonaro, o general Augusto Heleno foi intimado pela Polícia Federal (PF) para prestar esclarecimento sobre o suposto monitoramento ilegal praticado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
O depoimento está marcado para a próxima terça-feira (6) na sede da PF em Brasília.
No governo Bolsonaro, a Abin estava subordinada ao GSI. Na época, o órgão de inteligência comandada pelo atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que foi alvo de uma busca e apreensão na última quinta-feira (25).
Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em março de 2020, o ex-ministro e advogado Gustavo Bebianno revelou que Augusto Heleno teria sido chamado para o esquema de espionagem , mas se mostrou preocupado com a ideia.
Bebianno também disse ter aconselhado, junto ao general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo de Bolsonaro, que o presidente não aceitasse a sugestão de Carlos.
“O general Heleno foi chamado, ficou preocupado com aquilo, mas o general Heleno não é de confrontos, e o assunto acabou ali, com o general Santos Cruz e comigo”, afirmou Bebianno. “É muito pior que o gabinete do ódio, aquilo também seria motivo para impeachment”, acrescentou.
Entenda
Chefe da Abin entre de julho de 2019 a março de 2022, Ramagem é alvo de investigação por suposto monitoramento ilegal de autoridades e adversários de Bolsonaro.
Na segunda-feira (29), o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente, também foi alvo de busca e apreensão em sua casa em um condomínio na Barra da Tijuca e em seu gabinete.
A PF também cumpriu mandado na casa da família Bolsonaro na Vila de Mambucaba em Angra dos Reis (RJ), onde o Carlos estava com o pai e os irmãos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ).
Nesta nova etapa, a Polícia Federal busca avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio de ações clandestinas.
Segundo a PF, nessas ações eram utilizadas técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem, contudo, qualquer controle judicial ou do Ministério Público.
Os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.
Moretti foi nomeado diretor adjunto da Abin em março de 2023, já durante o governo Lula. Delegado da Polícia Federal, ele era próximo de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro.
Alessandro Moretti foi secretário-executivo da Segurança Pública do Distrito Federal entre 2019 e 2021, durante a gestão de Torres. Na PF, ele também foi diretor de Inteligência Policial, entre 2022 e 2023, e de Tecnologia da Informação e Inovação, entre 2021 e 2022.
Ele ainda ocupou o cargo de diretor de Gestão e Integração de Informações da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), em 2020.