Domingo, 09 de março de 2025
Por Redação O Sul | 4 de dezembro de 2024
Desde que foi preso preventivamente na Operação Contragolpe, no dia 19 de novembro, o general Mário Fernandes vinha buscando a transferência do Rio de Janeiro para Brasília. Esse foi seu primeiro pedido, ainda na audiência de custódia, que ocorreu no mesmo dia da prisão. A transferência foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).
Preocupação
Quando foi ouvido na audiência, conduzida pelo juiz Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, auxiliar de Moraes, o general disse que essa era uma “preocupação” e que ele gostaria de estar perto da esposa e dos três filhos.
“Eu tenho esposa, um filho ainda menor, e estou custodiado na cidade do Rio de Janeiro. Essa seria também uma solicitação: a minha transferência para Brasília o quanto antes, para que eu pudesse, pelo menos por proximidade, ter o apoio e poder dar o apoio, ainda que somente afetivo, à minha família”, afirmou.
A audiência de custódia serve para o juiz avaliar a legalidade do cumprimento do mandado de prisão. São analisados aspectos como o tratamento dispensado ao preso. O general confirmou que tudo ocorreu regularmente. A prisão preventiva foi mantida.
Quando foi preso, o general foi levado ao 1º Batalhão de Polícia do Exército, no Rio de Janeiro. Ele será transferido para o Comando Militar do Planalto, no Distrito Federal.
Visitas
Além da transferência, Moraes também autorizou visitas da esposa e dos filhos, virtual e presencialmente. Outras visitas – exceto dos advogados – precisam ser previamente autorizadas pelo ministro do Supremo.
Mário Fernandes é um dos 37 indiciados pela Polícia Federal (PF) por organização criminosa, golpe de Estado e abolição violenta do estado democrático de direito.
A PF afirma que ele foi o autor do plano “Punhal Verde e Amarelo” para prender ou executar o ministro Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice Geraldo Alckmin (PSB).
Delação
Policiais federais envolvidos com as investigações sobre o levante dos militares golpistas afirmam, sob anonimato, que Fernandes trabalha com a possibilidade de fechar uma delação premiada. Conforme dizem os agentes, o general pode trazer novos fatos sobre a participação de Jair Bolsonaro e do ex-ministro Walter Braga Neto na articulação para o golpe.
No fim de semana, interlocutores de Fernandes garantiram a alguns veículos de imprensa que ele está preocupado com o futuro de sua família. Passou a avaliar a hipótese de colaborar com as investigações depois que o advogado de Bolsonaro, Paulo Amador Cunha Bueno, afirmou em entrevista à Globo News, na sexta-feira passada, que a tentativa de golpe era uma manobra de militares que cercavam o ex-presidente. Segundo o defensor, Bolsonaro jamais deu autorização para qualquer iniciativa de rompimento do Estado Democrático de Direito.
Entre grupos de militares, tanto da reserva quanto da ativa, a afirmação de Cunha Bueno foi entendida como uma estratégia de Bolsonaro de jogar a culpa da trama golpista para dentro da caserna. O ex-presidente é apontado no inquérito da PF, ora com a Procuradoria-Geral da República (PGR), como o principal beneficiário da ruptura institucional e que estaria por trás de toda a movimentação dos fardados para impedir a posse de Lula e de Alckmin. As informações são dos jornais O Estado de S. Paulo e Correio Braziliense.