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Colunistas Gerenciar emoções e ter força de vontade

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O que é uma virtude? É uma força com grande potencial de ação. Por exemplo, a virtude de uma planta ou remédio é tratar, a de uma faca é cortar, e a de um homem é agir humanamente. Esses exemplos mostram que virtude é um poder específico. Falar de virtudes nos leva a um caminho para falar de nossa força de vontade e de sua aplicação no dia a dia. Como dizia Andrè Comte-Sponville em o Pequeno Tratado das Grandes Virtudes, “a virtude de um ser define seu valor e excelência: uma boa faca é a que corta bem; um bom remédio é o que cura bem; e um bom veneno é o que mata eficazmente”.

No mundo moderno, somos bombardeados por distrações que desviam nossa atenção de metas importantes. Redes sociais, má alimentação e a procrastinação dificultam o sucesso em áreas como carreira, saúde e relacionamentos. Lidar com nossa força de vontade pode estar diretamente ligado aos nossos estados emocionais, como a depressão, que pode nos retirar diretamente a vontade de realizar algo, de seguir com algo efetivamente.

Por outro lado, é importante lembrar que a vontade é um ato consciente e racional, logo, depende do empenho da nossa parte em aplicar a disposição para o outro, e ela vai, também de forma racional, na contramão daquilo que é apenas o desejo, mas a necessidade. Um exemplo prático: é gostoso comer doces, mas tenho que ter força de vontade, comer de forma consciente para não exagerar e saber dos prejuízos que posso ter. Embora, em algum momento, me falte forças para as tarefas cotidianas, necessito colocar empenho, mesmo que num ritmo menor, para fazer o que for necessário.

Potencializamos nossa vontade à medida que a colocamos como um hábito. Por exemplo, um hábito de alimentar-se melhor, feito de forma contínua, vai aos poucos se associando ao nosso dia a dia. Para isso precisamos também trabalhar nossa aceitação das necessidades da vida; quando precisamos passar por algo, vamos aos poucos colocando nossa potência e nossa vontade em direção ao que é necessário. Aceitar é trabalhar nossa força de vontade em direção àquilo que nem sempre é agradável, mas necessário, tendo consciência clara disso em nossa vida, e que, muitas vezes, não teremos tudo em mãos para realizar o que for necessário.

Disposição e aceitação envolvem adotar uma postura gentil e amorosa em relação a si mesmo e sua história, permitindo uma consciência plena da própria experiência, como se segurasse um objeto frágil. O objetivo não é apenas se sentir melhor, mas abrir-se para a vitalidade do momento e avançar em direção ao que se valoriza. Isso inclui sentir e validar todos os sentimentos, mesmo os negativos, para viver de forma mais plena.

Para que toda essa reflexão faça ainda mais sentido para você, deixo aqui alguns passos que podem servir como norte para recomeçar a agir em sua força de vontade: 1. Tenha metas claras; 2. Comece com pequenos passos; 3. Faça controle do que você necessita (o que fiz, o que deixei de fazer, o que gastei, o que guardei, o que mudei, no que falhei, etc.);4. Reconheça seus ganhos ao longo do caminho; 5. Entenda seus limites e suas capacidades; 6. Seja firme, específico, mas flexível para lidar com as dificuldades em meio ao caminho; 7. Organize-se ao longo da caminhada; 8. Tenha consciência do que lhe prejudica e assuma essa realidade, promovendo mudanças; 9. Tire momentos de descanso, pois servirão para abastecer sua disposição; 10. Procure pensar de formas diferentes daquelas que sempre realiza.

Nossa vontade se reflete em como lidamos com as emoções, que são essenciais para exercê-la. Muitas vezes, nos sentimos sobrecarregados por ansiedade, estresse ou tristeza, e é importante encontrar maneiras de gerenciar essas emoções. Raiva, desinteresse ou falta de motivação podem nos fazer deixar de lado o que precisamos fazer. A força de vontade não se forma rapidamente; é um processo contínuo que requer paciência e perseverança. É normal ter recaídas e desafios, mas o essencial é não desanimar. Em vez disso, devemos aprender com essas experiências e ajustar nossas estratégias. Um abraço fraterno!

Elaine Ribeiro é psicóloga clínica e organizacional da Fundação João Paulo II / Canção Nova.
Instagram: @elaineribeiro_psicologa.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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