Ícone da história da televisão brasileira, ela foi a protagonista de “2-5499 ocupado”, a primeira telenovela diária, exibida em 1963, na extinta TV Excelsior. Glória Menezes chega aos 90 anos neste 19 de outubro longe do veículo que a deixou famosa por todo o Brasil e até internacionalmente — em 2020, ela participou da série “Os casais que amamos”, do canal Viva, e seu trabalho mais recente em novelas foi “Totalmente demais”, em 2015. Mas segue lembrada e acarinhada pelos fãs que acompanham a sua trajetória de vida e carreira.
Morando no Rio desde que ficou viúva de Tarcísio Meira após 59 anos de união — ele morreu em decorrência da covid aos 85 anos, em agosto de 2021 —, a atriz agora vive perto dos filhos Tarcísio Meira Filho e Maria Amélia.
“Eu estava ficando muito sozinha em São Paulo. Eu só ficava em São Paulo porque a família do Tarcísio é de lá. Mas agora está todo mundo velhinho”, contou ela ao canal “Dez minutos de arte”, no YouTube, há dois meses, durante uma rara aparição pública no lançamento do livro de Boni, ex-diretor da Globo, no Leblon.
No mesmo evento, a veterana surgiu em cadeira de rodas, impulsionada pelo filho, Tarcisinho. Na ocasião ela explicou:
“Só ando em cadeira de rodas quando é para o meu conforto. Aqui, eu ia ficar de pé, parada, andando de um lado para outro. Estou confortavelmente na minha cadeira. Só para vocês ficarem sabendo, eu ando todo dia de manhã por uma hora. Todo santo dia”.
Saiba algumas curiosidades sobre a vida e da obra de Gloria Menezes:
1. Verdadeiro nome – “Eu me chamo Nilcedes (Soares Magalhães), uma mistura dos nomes dos meus pais, José Nilo e Mercedes. Não dá para assinar assim, não é? Glória é Glória em qualquer língua. O Menezes vem das minhas origens portuguesas… E formou 13 letras!”.
2. A primeira novela, ‘2-5499 ocupado’ – “Na primeira telenovela diária, estávamos lá eu e Tarcísio. Passamos do preto e branco para o colorido, do videoteipe para o HD… O texto não era bom, mas demos o nosso melhor. Com a força da novela, os atores brasileiros ficaram mais valorizados. Até então, o que fazia sucesso aqui eram os filmes e seriados americanos”.
3. O ofício – “Para ser ator tem que se ter um pouco de loucura coordenada, organizada. Certinho não dá certo nessa profissão”.
4. Ídolo – “Eu tinha um caderno com fotos da Ingrid Bergman. Era apaixonada por ela…”
5. Assédio dos fãs – “Quando saíamos às ruas ou em eventos, nos agarravam, nos arrancavam tufos de cabelo, rasgavam nossas roupas, nos perseguiam…”.
6. Alvo de inveja e fofocas – “Eu e Tarcísio sofremos um pouco… Quantas e quantas vezes disseram que tínhamos nos separado, que só vivíamos juntos por interesse comercial, que Tarcísio estava tendo um caso com essa ou aquela atriz… Nunca dei importância!
7. Sem ciúmes – “Nunca fui ciumenta! Faz parte da minha personalidade. Tarcísio tinha muito mais ciúme de mim do que eu dele. Reclamava: ‘Por que você toca tanto nos homens enquanto fala?’. E eu me divertia vendo as mulheres dando em cima dele. Eram muitas, nossa!”.
8. A passagem do tempo – “Costumo dizer que, quando a gente é jovem, passa pelas coisas. Depois de uma certa idade, as coisas passam pela gente. Eu sou vaidosa para mim mesma. Ando em casa muito bem arrumadinha, não saio sem estar maquiada, penteada. Quero me sentir bem.”
9. Personagem-xodó – “Tenho uma em especial… Em 1966 (em “Almas de pedra”), fiz uma moça que se passava por homem. Ninguém dizia que era eu com aquela barba (risos)…”