Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 20 de julho de 2021
Circula pela internet um aviso de que surgiu um novo golpe virtual na praça. Criminosos estariam se aproveitando do sucesso do PIX — cujas transações já superam as movimentações por DOC e TED juntos — para ganhar dinheiro ilicitamente. No entanto, segundo o Banco Central (BC), não há motivos para se assustar: o golpe não existe e a estratégia não passa de boato.
Pelos relato nas redes, os bandidos se aproveitariam de dados de pessoas físicas vazados na internet para fazer agendamentos de PIX. As vítimas seriam, então, notificadas do agendamento e, em seguida, seriam contactadas por fraudadores que informariam ter agendado o depósito por engano, pedindo a devolução da quantia com urgência. O intuito seria receber esse dinheiro das vítimas. O criminoso poderia, inclusive, cancelar a transação já agendada.
De acordo com o Banco Central, no entanto, o banco recebedor não tem como saber que existe um PIX agendado para uma conta em data futura. “O PIX agendado fica no sistema do banco pagador, mas não é visível para quem vai receber até que a transação seja confirmada”, afirmou o BC em nota. Ou seja, o golpe é “tecnicamente impossível de acontecer”.
Portanto, a única forma de tirar dinheiro de uma vítima seria estritamente a partir do convencimento, sem qualquer notificação de agendamento do PIX emitida.
A ClearSale, empresa de segurança digital, disse que não identificou em suas plataformas nenhuma ocorrência de golpe a partir de agendamento de PIX.
Marcelo Queiroz, head de Estratégia de Negócios da empresa, dá dicas para reduzir as chances de ser vítima em golpes:
— não informar usuário e senha para outras pessoas;
— executar as operações sensíveis em ambientes seguros;
— não utilizar a mesma senha em todos os aplicativos;
— e trocar senhas periodicamente.
Além disso, em termos de engenharia social, deve-se desconfiar de anúncios muito vantajosos.
Novas funções
O chefe do departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do BC, Angelo José Mont’Alverne Duarte, diz que ao logo do segundo semestre o PIX deve ganhar uma série de novas funções. “Lançamos o PIX 1.0 no ano passado apenas com o básico e agora estamos agregando várias funcionalidades.”
A primeira fase do PIX cobrança, que permite o pagamento de contas, já está em operação e, a partir de setembro, a expectativa é que todas as instituições ofereçam a opção do PIX agendado. Para o último trimestre, está previsto PIX saque e PIX troco. Nessa função, o cliente poderá fazer saques em estabelecimentos comerciais ou fazer compra com retirada de dinheiro.
Duarte destaca que, em 2022, outras novidades serão lançadas. Um produto que está sendo elaborado é o PIX garantido, em que o consumidor poderá parcelar uma compra e o vendedor terá garantia de pagamento de uma instituição. Há ainda o QR code do pagador, ferramenta em que o consumidor poderá estar offline para fazer a operação.
O chefe do BC diz que já era esperada a forte expansão das transações de pessoa física para pessoa física. As operações de pessoa física com empresas ainda têm uma participação pequena, mas devem crescer bastante daqui para frente. Isso porque as empresas precisavam de um tempo para se adaptar e criar seus próprios sistemas. “Num estabelecimento pequeno, o cliente pode fazer um PIX e mostrar para o dono. Mas isso não é viável numa grande rede de varejo, por exemplo.”
Para ele, a substituição do TED pelo PIX é clara. Mas o executivo não vê uma ameaça aos bancos. “As instituições são livres para oferecer vários serviços atrelados ao PIX. Há uma grande oportunidade para desenvolverem novos produtos.”