O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, em entrevista ao jornal norte-americano The Wall Street Journal, que, na sua opinião, não houve tentativa de golpe de Estado no Brasil em 8 de janeiro, quando manifestantes radicais invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília.
“Golpe? Que golpe? Onde estava o comandante? Onde estavam as tropas, onde estavam as bombas?” respondeu o ex-presidente brasileiro ao ser questionado sobre o assunto na entrevista ao periódico norte-americano divulgada na terça-feira (14).
Jair Bolsonaro também voltou a se desvincular aos ataques extremistas. “Eu nem estava lá, e eles querem me culpar” disse. No dia 8 de janeiro, ele já estava nos Estados Unidos, para onde viajou no fim de dezembro do ano passado. Mesmo negando ter havido um golpe e se distanciando dos atos criminosos, Bolsonaro reconheceu que pode ser alvo da Justiça ao retornar ao Brasil. “Uma ordem de prisão pode surgir do nada”, disse.
Liderar oposição
O ex-presidente disse que pretende voltar ao País em março para, segundo ele, liderar a oposição contra Lula. “O movimento de direita não está morto e continuará vivo”, disse Bolsonaro.
Na entrevista, ele manteve sua atitude de fazer críticas ao processo eleitoral no Brasil. “Não estou dizendo que houve fraude, mas o processo foi tendencioso”. O ex-presidente afirmou ainda que se surpreendeu com a sua derrota, já que, segundo ele, a sua candidatura tinha mais apoio popular.
“O povo estava comigo, o agronegócio estava comigo, a maioria dos evangélicos estava comigo, a indústria estava comigo, os proprietários de armas estavam comigo”, disse o ex-presidente.
Lula nos Estados Unidos
Bolsonaro ironizou a ida de Lula aos Estados Unidos na semana passada. O atual chefe do Executivo se reuniu com o presidente dos EUA, Joe Biden, na última sexta-feira (10). “Lula só veio aqui para ser o centro das atenções”, comentou o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é alinhado ao ex-presidente Donald Trump.
Covid
Bolsonaro admitiu que, hoje, teria outro posicionamento diante da pandemia de covid. Durante a crise sanitária, ele chegou a se referir à doença como “gripezinha” e “resfriadinho” e já respondeu “não sou coveiro” ao ser questionado sobre as mortes. “Eu não diria nada, deixaria a questão para o Ministério da Saúde”, afirmou.
Ele também minimizou a piada que fez, em 2020, em que declarou que quem tomasse a vacina contra o coronavírus poderia se transformar em “jacaré”. “Foi apenas uma figura de linguagem. E eu fui martelado por isso.”