Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 23 de julho de 2024
O Google anunciou hoje ter desistido do plano de desativar cookies de terceiros — rastreadores do comportamento on-line usados por anunciantes para personalizar anúncios na internet — e propôs uma nova abordagem para dar ao usuário poder de decisão.
Ou seja, os usuários do buscador e do navegador Chrome decidirão o que compartilhar em relação ao seu comportamento on-line, podendo rever a escolha em outros momentos.
Em comunicado no blog da empresa, a big tech informou ainda estar discutindo o melhor caminho com os desenvolvedores e que a indústria do setor será envolvida à medida em que o projeto for implantado.
A empresa afirmou ainda que, adicionalmente, o Google planeja introduzir soluções para proteção de propriedade intelectual no modo de navegação anônima.
Em janeiro deste ano, o Google informou que começaria um teste no sentido de eliminar os cookies. Informou que iria desativar os cookies ativados nas suas plataformas por terceiros (ou seja, de outras empresas e aplicativos) para 1% dos usuários do Chrome.
O objetivo após os testes, segundo a empresa, era acabar completamente com o uso de cookies por terceiros até o fim do ano. Hoje a companhia anunciou que mudou de ideia.
A medida sofria resistência de anunciantes, que diziam que perda de cookies no Chrome, o navegador mais popular do mundo, limitaria sua capacidade de coletar informações para personalizar anúncios, tornando-os dependentes dos bancos de dados de usuários do Google. Anunciantes chegaram a fazer uma queixa ao órgão de defesa da concorrência no Reino Unido, alegando que o fim dos cookies poderia afetar a concorrência na publicidade digital.
Por outro lado, o uso de rastreadores nos navegadores tem provocado um crescente debate sobre a privacidade na internet. No fim do ano passado, em acordo firmado com a Justiça dos Estados Unidos, o Google reconheceu que rastreou dados milhões de usuários que pensavam usar o navegador no modo anônimo. Em tese, ao habilitar essa opção de navegação, o Chrome não deveria salvar histórico, cookies e dados dos sites acessados, nem informações inseridas em formulários.
Softwares concorrentes do Chrome, como Firefox e Safari, do sistema operacional da Apple, já desativaram rastreadores automáticos. O Google agora, depois de prolongar testes e adiar algumas vezes a desativação total, decide mudar os planos e ir na contramão dos concorrentes. Alega que a mudança prejudicaria anunciantes.
“Ao longo deste processo, recebemos feedback de uma ampla variedade de partes interessadas, incluindo reguladores como a Autoridade de Concorrência e Mercados (CMA) do Reino Unido e o Gabinete do Comissário de Informação (ICO), publishers, desenvolvedores web, sociedade civil e participantes da indústria publicitária. Esse feedback nos ajudou a criar soluções que visam apoiar um mercado competitivo e próspero que funcione para publishers e anunciantes e incentivar a adoção de tecnologias que melhoram a privacidade”, diz parte do comunicado divulgado no blog do Google.
“Propomos uma abordagem atualizada que permite aos usuários escolher. Em vez de descontinuar os cookies de terceiros, apresentaríamos uma nova experiência no Chrome que permitiria às pessoas fazer uma escolha informada à sua navegação na web, e elas poderiam ajustar essa escolha a qualquer momento. Estamos discutindo esse novo caminho com os reguladores e envolveremos a indústria à medida que o implementamos”, informou o Google.