As “big techs” voltaram a decepcionar o mercado nesta semana, ao divulgarem seus resultados do trimestre anterior. Google, Meta e Microsoft estão com as ações “derretendo”.
Os principais pontos que desapontaram investidores foram os seguintes: a receita da Alphabet, dona do Google teve o menor crescimento desde 2013; o lucro da Meta, controladora de Facebook, Instagram e WhatsApp, caiu pela metade em relação ao mesmo período do ano anterior; a Microsoft até conseguiu um faturamento acima do esperado pelo mercado, puxada pelo segmento de computação em nuvem, mas teve queda na receita com instalações do Windows.
Segundo dados da Forbes, as ações da dona do Google acumulam queda de 36% no ano. As da Microsoft, 32%. E as da Meta, 71% – com isso, o “chefão” Mark Zuckerberg perdeu mais de US$ 100 bilhões em 1 ano e despencou nas listas de bilionários.
A Microsoft foi quem mais perdeu em valor de mercado até agora, “derretendo” US$ 810 bilhões, seguida pela Alphabet (US$ 700 bilhões), ainda de acordo com a Forbes.
E não termina ali: Amazon, Apple, Netflix e a fabricante de carros elétricos Tesla, de Elon Musk, também acumulam baixas.
Afinal, o que está acontecendo com as empresas de tecnologia, que viveram tantos anos de glória na bolsa americana? Analistas veem uma combinação de menos vendas, com o declínio da pandemia, e menos anúncios, dada a atual situação econômica dos Estados Unidos.
Menos vendas
Especialistas no mercado de tecnologia avaliam que, durante a pandemia – quando muita gente dependeu do celular e de notebooks para estudar, trabalhar e até manter um mínimo de vida social – as “big techs” experimentaram um crescimento que não é sustentável agora.
Isso explicaria, por exemplo, a queda na receita da Microsoft com instalações do Windows entre julho e setembro, já que as vendas de computadores também recuaram.
“Foram vendidos tantos PCs nos últimos dois anos que agora não existe demanda. Além disso, as contratações estão congeladas, então as empresas não precisam de novos computadores”, disse Mikako Kitagawa, analista da consultoria de marketing Gartner, ao New York Times.
A Microsoft, dona do console Xbox, chegou a registrar receita menor até na área de videogames, no trimestre anterior.
Até os resultados com o serviço de computação em nuvem da empresa, apesar de seguirem positivos, cresceram em um ritmo menos acelerado no 3º trimestre na comparação com o começo do ano na plataforma Azure, voltada ao público em geral.
O mesmo aconteceu com o Google Cloud e é esperado que seja reportado também pela Amazon.
Por outro lado, a Apple divulgou crescimento acima do esperado pelo mercado na receita e no lucro no último trimestre do seu ano fiscal (que também equivale ao período entre julho e setembro), graças ao aumento de 9% nas vendas do iPhone.
A nova versão foi lançada no fim do mês passado e deverá mostrar sua força somente nos resultados do próximo trimestre.
Apesar de não divulgar previsões desde 2020, a fabricante de smartphones reconhece que haverá uma desaceleração na receita até o fim deste ano, sobretudo nas vendas do computador Mac e de serviços.
Menos anúncios
Outro ponto sensível para os investidores tem sido a queda na receita com propaganda, relatada pelo Google e pela Meta no último trimestre e pela Microsoft, especialmente com a rede LinkedIn, em julho.
Anúncios são o principal negócio do Google, daí o mau humor do mercado. No 3º trimestre, a empresa teve um leve crescimento de receitas com publicidade, mas aquelas vindas de propaganda no YouTube caíram 2%, enquanto o mercado esperava que uma leve alta.
A explicação dos analistas, neste caso, é que o cenário de inflação e o aumento das taxas de juros nos EUA têm levado muitos anunciantes a revisar seu orçamento de marketing para baixo.