Sábado, 16 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 2 de abril de 2021
O Google tentou copiar o manual da Amazon para se tornar o centro de compras da internet, com pouco sucesso. Agora, está tentando algo diferente: a estratégia anti-Amazon. A companhia está tentando se apresentar como uma opção mais barata e menos restritiva para os vendedores independentes, e está focada em direcionar tráfego para sites de vendedores – não em vender sua própria versão dos produtos, como faz a Amazon.
No ano passado, o Google eliminou taxas para comerciantes e permitiu que os vendedores listassem de graça seus produtos nos resultados de pesquisa. A empresa também está tentando facilitar o processo para as pequenas lojas independentes fazerem upload de seu estoque de produtos para os resultados de pesquisa e comprarem anúncios no Google, em parceria com a Shopify, que fornece lojas online para 1,7 milhão de comerciantes que vendem diretamente aos consumidores.
Mas, como as muitas tentativas do Google durante sua jornada de duas décadas para competir com a Amazon, há poucos sinais de que a estratégia esteja funcionando. A empresa não tem nada tão atraente quanto os US$ 295 bilhões que passaram pelo mercado terceirizado da Amazon em 2020. Em comparação, a quantidade de bens que as pessoas compram no Google é “muito pequena” — provavelmente em torno de US$ 1 bilhão, disse Juozas Kaziukenas, fundador do Marketplace Pulse, uma empresa de pesquisa.
A Amazon é uma presença constante na vida de muitos americanos. A empresa tomou o lugar do Google como ponto de partida para os compradores e se tornou igualmente essencial para os profissionais de marketing. O negócio de publicidade global da Amazon cresceu 30%, para US$ 17,6 bilhões em 2020, atrás apenas do Google e do Facebook nos Estados Unidos.
Porém, como a pandemia forçou muitas lojas a passarem para o mundo online, foi criada uma nova oportunidade para o Google atrair vendedores que se sentem desconfortáveis em construir seus negócios na Amazon.
Christina Stang, 33 anos, abriu a Fritzy’s Roller Skate Shop na cidade de San Diego, na Califórnia, em março passado. As ordens de quarentena a forçaram a abrir uma loja online na Shopify.
Ela teve sorte. Estava sentada em cima de uma enorme oferta de patins quando a demanda aumentou, pois os vídeos sobre patinação ficaram populares no TikTok durante a pandemia.
Ela vinculou sua conta da Shopify ao software de varejo do Google e começou a comprar os chamados anúncios de compras inteligentes. Trabalhando dentro de determinado orçamento, os algoritmos do Google escolhem onde colocar os anúncios e quais produtos apresentar. Em 2020, ela gastou US$ 1,8 mil nos anúncios, que foram vistos 3,6 milhões de vezes e geraram US$ 247 mil em vendas, disse ela.
Christina pensou em vender seus produtos no marketplace da Amazon, mas se preocupou com o valor que as taxas da Amazon tomariam de suas margens de lucro já estreitas. Ela também gostou do fato de o Google redirecionar as pessoas para seu site, em vez de mantê-las em sua própria loja, como faz a Amazon.
“Eu podia vender na Amazon e não ganhar dinheiro de verdade, mas ter mais presença online”, disse Stang. “Não parecia uma boa ideia”.
Recentemente, no entanto, ela experimentou uma das desvantagens de ficar presa no meio de uma parceria entre o Google e a Shopify. Sua loja não conseguiu listar nenhum produto desde janeiro porque o Google suspendeu a conta. Dizia que seus custos de envio pareciam mais caros no Google do que em seu site no Shopify, embora não fossem diferentes.
A Shopify disse a ela que era um problema do Google. Os representantes de atendimento ao cliente do Google recomendaram que Christina contratasse um web designer. Ela continua a tocar o negócio sem o Google, mas isso prejudicou sua experiência até então amplamente positiva.
“Isso me quebrou as pernas, completamente”, disse ela. “Sou uma pequena empresa e não tenho centenas ou milhares de dólares para resolver os problemas”.