Ícone do site Jornal O Sul

Gordura no fígado afeta três em cada 10 pessoas no mundo

Houve casos diagnosticados com algum tipo de demência (como o Alzheimer) ou doença de Parkinson, mas que na verdade tinham problemas no fígado. (Foto: Reprodução)

Apesar do nome difícil, a esteatose hepática metabólica está presente na vida de cerca de 30% da população mundial e se caracteriza pela presença de mais de 5% de gordura no fígado.

O órgão desempenha diversas funções importantes no organismo, como a filtragem do sangue e eliminação de toxinas, além da produção de proteínas, metabolismo de medicamentos e de gordura, regulação da coagulação sanguínea, entre outros.

Popularmente conhecida como “gordura no fígado”, a esteatose hepática é silenciosa e, se não tratada, pode evoluir desfavoravelmente. Em casos avançados e crônicos, os pacientes podem apresentar sintomas como dor no lado direito da barriga, cansaço, amarelo nos olhos e aumento do volume abdominal.

“Dados apontam que cerca de 25% dos pacientes evoluem para uma hepatite por gordura (esteato-hepatite) e a partir daí, para formação de fibrose/cirrose. Há ainda um risco aumentado de aparecimento de carcinoma hepatocelular (câncer de fígado). Em alguns países da Europa e nos Estados Unidos a doença já é uma das principais indicações para transplante de fígado”, enfatiza Bianca Della Guardia, hepatologista.

De acordo com a especialista, muitas vezes a esteatose hepática é subdiagnosticada e subvalorizada. “Devido à falta de sintomas e impacto direto na qualidade de vida, o paciente muitas vezes não dá importância. No entanto, hoje sabemos que em estágio crônico, a doença pode levar a morte por complicações cardiovasculares relacionadas, neoplasia (câncer) e doenças de fígado. É uma epidemia silenciosa e precisamos agir agora para disseminar conhecimento e evitar a progressão dessa doença e suas complicações”, destaca.

Os principais grupos de risco da esteatose hepática metabólica são pacientes com a presença de diabetes tipo 2, obesidade ou sobrepeso, dislipidemia e hipertensão arterial sistêmica. “Mas atenção, pacientes magros com fatores de risco genético também podem apresentar a doença”, complementa Bianca.

Outro alerta é que, em decorrência da piora do estilo de vida, a doença vem atingindo pessoas cada vez mais jovens. Pesquisa da American Association for the Study of Liver Diseases (Associação Americana para o Estudo de Doenças do Fígado), apontou que a América do Sul foi o continente que registrou o maior aumento relativo de adolescentes com a doença, 39,2% em 29 anos.

Apesar de assintomática na sua fase inicial, a presença da gordura no fígado pode ser detectada por meio de exame de ultrassom de abdome ou de sangue, que avalia a presença de alterações de enzimas hepáticas.

“São exames que podem ser facilmente inseridos em check-ups anuais, principalmente para pacientes mais susceptíveis. Ao notar qualquer alteração nos resultados, é importante checar com o médico ou pedir um encaminhamento para especialista”, explica a hepatologista da Rede D’Or São Luiz, que conta com uma linha de cuidado completo para doenças hepáticas, com especialistas, equipe multiprofissional, exames diagnósticos e tratamento, indo até a fase final de transplante de fígado.

Em casos mais complexos ou avançados, pode-se fazer uso das elastografias hepáticas para medir a quantidade de fibrose, e, eventualmente, biópsia hepática.

O tratamento tem como pilares fundamentais a adoção de um estilo de vida mais saudável, com melhora da dieta, prática diária de atividade física e evitar o consumo de álcool, além do controle dos fatores metabólicos associados.

Sair da versão mobile