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Governador do Acre tem passaporte e bens apreendidos em operação da Polícia Federal contra corrupção

Gladson Cameli é investigado desde julho na Operação Ptolomeu. (Foto: Diego Gurgel/Governo do Acre)

A Polícia Federal abriu na manhã desta quinta-feira (9), a terceira etapa da Operação Ptolomeu – investigação sobre supostos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a cúpula do governo do Acre. Um dos alvos da investigação é o chefe do Executivo estadual Gladson Cameli (PP) – ele não é alvo de buscas no bojo da ofensiva, mas o Superior Tribunal de Justiça mandou apreender o passaporte do mandatário.

Cameli também está na lista de investigados que teve bens bloqueados a mando da Corte superior. Ao todo, o STJ determinou a indisponibilidade de R$ 120 milhões. A ordem atinge mansões, apartamentos, carros e até aeronaves.

A ministra Nancy Andrighi, relatora do inquérito no STJ, também determinou a suspensão de atividades econômicas de 15 empresas sob suspeita. Além disso, impôs medidas cautelares diversas da prisão a investigados, incluindo a suspensão do exercício da função pública, proibição de acesso a órgãos públicos, impedimento de contato entre os investigados e proibição de se ausentar do país, com a entrega de passaportes no prazo de 24 horas – essa última atingindo o governador do Estado.

A nova fase ostensiva da Ptolomeu mobilizou cerca de 300 agentes para cumprir 89 mandados de busca e apreensão em endereços do Acre, Piauí, Goiás, Paraná, Amazonas, Rondônia e Distrito Federal. As imagens das diligências mostram viaturas da PF em frente a órgãos como a Secretaria de Estado de Obras Públicas, a Casa Militar e o Departamento Nacional Estradas Rodagem do Acre.

Segundo a Polícia Federal, a operação “busca o ressarcimento de parte dos valores desviados dos cofres públicos”.

A ofensiva é um desdobramento das primeiras duas fases da investigação, nas quais a PF identificou “organização criminosa, controlada por agentes políticos e empresários ligados ao Poder Executivo estadual acreano, que atuavam no desvio de recursos públicos, bem como na realização de atos de ocultação da origem e destino dos valores subtraídos”.

A Ptolomeu foi inicialmente aberta no dia 16 de dezembro de 2021, ocasião na qual a Polícia Federal fez buscas em endereços ligados a Camelli. A ofensiva também contava com ordem de bloqueio de valores dos investigados, no valor de R$ 7 milhões.

A segunda etapa ostensiva do inquérito foi deflagrada dias depois, em 22 de dezembro de 2021, e prendeu preventivamente a então chefe de gabinete de Camelli, Rosângela Gama. A operação mirou suposto conluio entre servidores, que, depois da primeira fase da operação teriam praticado atos voltados à obstrução das apurações, “na tentativa de destruição de provas essenciais para a continuidade” das investigações.

O nome da ofensiva faz referência ao apelido utilizado por um dos principais operadores do esquema suspeita e à cidade natal de grande parte dos investigados. “Ptolomeu foi um cientista, astrônomo e geógrafo de origem grega, que primeiro catalogou a Constelação do Cruzeiro do Sul em seu livro Almagesto, produzido no século II”, explicou a corporação.

Entre os elementos que colocaram Camelli na mira da investigação sobre suposto esquema de desvios em contratações na Saúde e Infraestrutura está um recebeu um relatório do antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontando vinte comunicações de movimentações financeiras suspeitas envolvendo o governador. As transações notificadas ultrapassam a marca de R$ 828 milhões.

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