Apesar de o senador Tasso Jereissati (CE) declarar que a sua candidatura nas prévias do PSDB está de pé, fontes ligadas ao PSDB avaliam que a “tendência natural” é de que ele “passe a bola” ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, como candidato do partido à presidência da República na eleição de 2022. Os dois são próximos e fizeram uma espécie de “pacto de não-agressão”.
A ideia era que o senador oficializasse seu apoio ao gaúcho em setembro, quando Tasso organizaria uma recepção para Leite na capital cearense, Fortaleza.
O combinado, porém, acabou atravessado por uma declaração do governador de São Paulo João Doria, que disse no “Roda Viva”, da TV Cultura, na segunda-feira que Tasso já havia desistido das prévias. O senador negou, e o paulista pediu desculpas.
E se é verdade que Tasso já não tinha muita simpatia pela campanha de Doria, a situação piorou após o episódio. Interlocutores dizem que, além disso, questões pessoais e de saúde também pesam para o senador desistir de concorrer. Ele tem evitado fazer viagens para tocar a campanha.
“Eu e Tasso temos uma profunda sintonia de propósito para 2022: nossa meta é tirar o Brasil da tragédia do governo atual e evitar volta ao passado que não foi bom. De minha parte, estaremos juntos já nas prévias”, declarou Leite ao jornal “O Globo”.
Se o senador retirar a pré-candidatura nas primárias, deputados estaduais e federais do Ceará também devem apoiar Eduardo Leite. Uma análise da composição dos integrantes do colégio eleitoral tucano nas prévias aponta que o Estado representa 3,2% dos votantes.
Leite tem buscado somar o endosso de estados menores para tentar fazer frente a Doria, que larga em vantagem em São Paulo, que tem 24,2% dos eleitores.
Já Minas Gerais detém 12,4%, o segundo maior colégio eleitoral. Lá, o deputado Aécio Neves , desafeto de Doria, tem forte influência, o que poderia ajudar Leite a equilibrar a disputa. O Rio Grande do Sul tem participação de 5,6%.
Terceira via
No dia 17 deste mês, Eduardo Leite já havia afirmado estar “decidido” a disputar as eleições prévias de seu partido para escolha do candidato tucano ao Palácio do Planalto. Ele acrescentou que:
“Fui demandado por um grupo de deputados do PSDB que estiveram aqui no Rio Grande do Sul em fevereiro. Eles me provocaram sobre levar o País a discutir não apenas o que fiz no Rio Grande do Sul, mas como eu fiz”.
Mas ele também admitiu a possibilidade de a sigla abrir mão de uma candidatura própria em prol de uma “terceira via” com chances reais de vencer Bolsonaro. Leite mencionou o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta como exemplo:
“Se ficar provado que um nome como esse tiver chances reais [de vencer], o PSDB deve ter humildade para reconhecer”.
Leite afirmou que, no caso de surgir um nome mais forte contra Bolsonaro que tenha proximidade com seu partido no centro democrático, “manter uma candidatura do PSDB seria uma irresponsabilidade, uma inconsequência”.