Terça-feira, 08 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 7 de abril de 2025
A foto de Jair Bolsonaro rodeado de governadores antes do ato pela anistia no último domingo (6) é carregada de significado eleitoral. A imagem mostra uma disputa pelo espólio do ex-presidente, que está inelegível e deve transferir seu capital político para um aliado na disputa pelo Planalto em 2026.
Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Ratinho Júnior (PSD-PR) e Ronaldo Caiado (União-GO) fizeram questão de comparecer.
“É uma tentativa desses nomes de ocuparem um provável vácuo que vai ficar para 2026, fruto do estado jurídico de Bolsonaro”, disse Rafael Cortez, sócio da Tendências Consultoria. “Os governadores não querem arcar com o ônus de romper com Bolsonaro e serem vistos como traidores ”, afirmou Isabela Kalil, professora da Fesp.
Após ato esvaziado no Rio, Bolsonaro precisava dos governadores para mostrar na Avenida Paulista que tem apoio. É uma “via de mão dupla”, analisou Cortez. “Essa estratégia precisa de imagens. A política é imagética.”
“Alguns governadores que são pré-candidatos à presidência da República estavam com cara de abutres na Paulista à espera de Bolsonaro virar carniça para tentar herdar seu espólio”, criticou o líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ).
A manifestação reuniu cerca de 44,9 mil pessoas, segundo a metodologia utilizada pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com o Cebrap e a ONG More in Common, que consiste em usar imagens da multidão, capturadas por drones.
A contagem foi feita no momento de pico da manifestação, às 15h44, a partir de fotos aéreas analisadas com software de inteligência artificial.
Há três semanas, uma outra manifestação, no Rio de Janeiro, também convocada por Bolsonaro e aliados, reuniu cerca de 18,3 mil pessoas, segundo a mesma metodologia.
O protesto começou por volta das 14h com uma oração puxada pela deputada federal Priscila Costa (PL-CE), vice-presidente do PL Mulher.
Houve discursos em defesa do projeto de lei em tramitação na Câmara que concede anistia a condenados pelos atos antidemocráticos. O vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), afirmou haver uma articulação forte para colocar o texto em votação.
Em vários momentos, foram feitas críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), como na fala do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que chamou os ministros de “ditadores de toga”.
Do alto do trio, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro pediu uma “anistia humanitária” aos condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes.
Segurando um batom na mão, ela saiu em defesa da cabeleireira Débora Rodrigues Santos, presa por ter pichado com um batom a estátua “A Justiça”, em frente ao STF em Brasília.
Por gentileza
Quem chega ao gabinete de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no Senado se depara com um pedido inusitado.
“Atenção! Prezados visitantes: para acesso às salas do gabinete, solicitamos a fineza de que os celulares sejam deixados na recepção”, diz um cartaz colado na parede. Procurado, o senador não comentou o motivo da orientação, nem desde quando ela existe. (Com informações do Estado de S. Paulo)