Terça-feira, 08 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 7 de abril de 2025
O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), disse à Coluna do Estadão que os governadores que foram à Avenida Paulista no domingo (6) para participar do ato pela anistia dos condenador pelo 8 de Janeiro pareciam “abutres” que esperavam o ex-presidente Jair Bolsonaro, inelegível por decisão da Justiça Eleitoral, virar “carniça”.
Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União-GO) e Ratinho Júnior (PSD-PR) – os principais cotados para substituir Bolsonaro na chapa ano que vem – fizeram questão de ir ao protesto demonstrar apoio ao ex-presidente. “Alguns governadores que são pré-candidatos estavam com cara de abutres à espera de Bolsonaro virar carniça para tentar herdar seu espólio”, disse o petista.
Lindbergh também afirmou que o ataque de bolsonaristas ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), foi um tiro pela culatra. Na avaliação dele, os aliados de Bolsonaro compraram briga com a única autoridade política que poderia dar andamento à anistia. O petista disse também que a agenda do governo deve ganhar força na Casa com o que considerou um “fracasso” da direita nas ruas.
Um dos organizadores da manifestação, Silas Malafaia mirou no presidente da Câmara. “Você, Hugo Motta, está envergonhando o honrado povo da Paraíba”, disse o pastor.
“Foi um tiro pela culatra. Demonstraram fraqueza, ao invés de força”, afirmou Lindbergh à Coluna do Estadão.
Manifestação
A manifestação reuniu cerca de 44,9 mil pessoas, segundo a metodologia utilizada pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com o Cebrap e a ONG More in Common, que consiste em usar imagens da multidão, capturadas por drones.
A contagem foi feita no momento de pico da manifestação, às 15h44, a partir de fotos aéreas analisadas com software de inteligência artificial.
Há três semanas, uma outra manifestação, no Rio de Janeiro, também convocada por Bolsonaro e aliados, reuniu cerca de 18,3 mil pessoas, segundo a mesma metodologia.
O protesto começou por volta das 14h com uma oração puxada pela deputada federal Priscila Costa (PL-CE), vice-presidente do PL Mulher.
Houve discursos em defesa do projeto de lei em tramitação na Câmara que concede anistia a condenados pelos atos antidemocráticos. O vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), afirmou haver uma articulação forte para colocar o texto em votação.
Em vários momentos, foram feitas críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), como na fala do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que chamou os ministros de “ditadores de toga”.
Do alto do trio, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro pediu uma “anistia humanitária” aos condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes.
Segurando um batom na mão, ela saiu em defesa da cabeleireira Débora Rodrigues Santos, presa por ter pichado com um batom a estátua “A Justiça”, em frente ao STF em Brasília.
Vários manifestantes, vestidos de verde e amarelo, também levavam nas mãos batons e alguns até batons infláveis em referência ao caso da pichadora, que virou símbolo da direita no seu discurso de que sofre perseguição. O PL já cogita lançá-la a deputada no ano que vem.
Débora é ré no STF não só pela pichação com os dizeres “perdeu, mané”, mas também por ter aderido, segundo a Procuradoria-Geral da República, ao movimento golpista desde o fim das eleições de 2022. Ela é suspeita também de apagar provas, obstruindo o trabalho de investigadores e da Justiça.
Por volta das 15h40, Jair Bolsonaro discursou e pediu anistia para os presos pelos atos golpistas. Fez críticas ao STF e ao presidente Lula. Ao defender o seu governo, elogiou a sua equipe econômica na época, citou a criação do PIX entre os feitos da sua gestão e afirmou ter havido uma “interferência” que fez mudar o resultado final das eleições de 2022.
“Sabíamos o que estávamos fazendo, mas, lamentavelmente, a pressão foi enorme, inclusive, de fora do Brasil, mas temos esperança”, afirmou.
O ex-presidente lembrou ainda quando viajou aos Estados Unidos dias antes do fim do seu mandato. Ele disse que “o golpe deles só não foi perfeito” porque no dia 30 de dezembro de 2022 ele saiu do país. “Algo me avisou”, afirmou, acrescentando que, se estivesse no Brasil em 8 de janeiro, teria sido preso “e estaria apodrecendo até hoje ou até assassinado”. (Com informações do Estado de S. Paulo)