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Por Redação O Sul | 20 de julho de 2023
O Palácio do Planalto já tem na ponta do lápis o tamanho do apoio que esperar consolidar na Câmara após formalizar o iminente ingresso no governo do PP e Republicanos, dois pilares do Centrão, grupo político que deu sustentação a Jair Bolsonaro. Nas contas do Executivo, a próxima mudança na Esplanada deve garantir 60 votos desses dois partidos — 30 de cada um deles. Os deputados federais André Fufuca (PP-AM) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) são os favoritos para se tornarem ministros. De volta a Brasília depois de uma viagem a Bruxelas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve fechar o novo desenho do primeiro escalão até agosto.
Entre integrantes da articulação política, há consenso de que haverá uma dança nas cadeiras para abrir espaço a nomes das duas legendas. Lula, no entanto, pretende evitar a saída de ministras mulheres.
Essas mudanças e o atendimento a outros pleitos, segundo as contas do governo, poderá ainda angariar outros 80 votos, chegando a 140 parlamentares de centro na base da Câmara. Isso porque haverá distribuição de cargos para o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, além da ampliação do apoio do União Brasil com a nomeação de Celso Sabino para o Ministério do Turismo.
Na planilha do Planalto, são 30 dissidentes do PL, especialmente do Nordeste, que já vêm votando com o governo em pautas econômicas, como a urgência do arcabouço fiscal, e poderão firmar compromisso de continuar com o Planalto.
As estimativas de governistas de partidos do Centrão é até mais otimista. No PP, parlamentares avaliam que é possível chegar a algo em torno de 35 a 40 deputados, dos 49. No Republicanos, os “governistas” da legenda avaliam que o patamar pode variar de 30 a 35 dos 41 deputados.
Cargos
Para consolidar votos no partido de Bolsonaro, o governo tem mantido indicados da gestão passada em alguns cargos de confiança. O PL também poderá indicar nomes para o segundo escalão e cargos de chefia em ministérios que ficarem com o Centrão, desde que não tenham feito campanha agressiva contra Lula em 2022.
Uma meta ousada dos articuladores de Lula é ter até 50 votos dos 59 do União Brasil, após a saída de Daniela Carneiro do Ministério do Turismo e a entrada de Sabino, nome ligado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e que é de consenso na bancada. A legenda, no entanto, deve seguir pressionando o governo para conquistar o comando da Embratur, ligada ao Ministério do Turismo, e dos Correios, vinculado ao Ministério das Comunicações.
Lula, no entanto, não está disposto a abrir mão dos seus escolhidos para o comando desses órgãos. Marcelo Freixo (PT), que está à frente da Embratur, é visto como um nome de densidade eleitoral importante no Rio de Janeiro, estado berço do bolsonarismo, onde Lula perdeu as eleições.
Já Fabiano Silva, que comanda os Correios, é o nome do governo mais identificado com o Prerrogativas, grupo de juristas ligado a Lula, e possui afinidade pessoal com o presidente. Em 2 de julho, quando Lula foi à Bahia, Silva cumpriu agenda ao lado do chefe e o acompanhou no avião presidencial.
Lula afirmou que é de interesse do governo aumentar a base “para dar tranquilidade à governança dentro do Congresso Nacional”, mas fez uma ressalva:
“Quem discute ministro é o Presidente da República. Não é o partido que pede ministério, é o Presidente da República que oferece.”
Ele havia sido questionado, durante coletiva em Bruxelas, onde estava em viagem oficial, se há possibilidade de o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), ir para a Petrobras para acomodar PP e Republicanos.
A articulação do governo trabalha para ter uma base de apoio com os parâmetros conquistados nas votações do arcabouço fiscal na Câmara, aprovado por 372 a 108 votos, e na Medida Provisória da Reestruturação dos Ministérios, quando governo levou por 337 votos a 125. Ambas foram aprovadas em maio.
O deputado Jilmar Tatto (SP), da direção nacional do PT, acredita que com as entradas de PP e Republicanos o governo pode ter garantidos 350 a 370 votos nas votações na Câmara.
“É um governo de coalizão que necessita de maioria no Congresso. O Centrão tem muitos deputados, é importante trazer uma parte deles para o governo. Faz parte do jogo. A gente terá maioria qualificada para aprovar PEC, uma maioria sólida, permanente e necessária para a governabilidade”, disse.
Tatto se queixa, porém, da possibilidade de o PT ser o único partido a abrir mão de postos no primeiro escalão para acomodar os novos aliados. O partido hoje comanda nove dos 37 ministérios.
“Não pode cortar apenas na nossa carne. Tem que cortar na carne de todo mundo. Todo mundo tem que ser generoso nessa hora”, disse Tatto.