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Brasil Governo argentino nega “pacto de impunidade” com o bolsonarismo para proteger brasileiros foragidos

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Alguns dos réus que fugiram para o país vizinho já foram localizados pela imprensa brasileira. (Foto: Reprodução)

Em meio a informações de que a Argentina estaria protegendo dezenas de brasileiros foragidos pelo ataque às sedes dos três Poderes em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023, o governo do presidente Javier Milei nega a existência de um “pacto de impunidade” com o bolsonarismo para dar guarida a esses indivíduos. A garantia é do porta-voz do governo, Manuel Adorni.

“Aliás, nosso governo não faria uma combinação desse tipo com absolutamente ninguém”, rebateu ao ser questionado nessa quarta-feira (19) por um jornalista e compatriota. Ele também voltou a frisar que o caso é uma atribuição da Justiça e não do Executivo federal de seu país:

“Não temos ingerência. Se a Justiça do Brasil insta a Argentina, nossa Justiça cumprirá a lei. É nessa instância que serão tomadas as medidas correspondentes. E quando chegar o momento, nós respeitaremos o que for decidido”.

Acredita-se que mais de 60 foragidos envolvidos no incidente do início do terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estejam na Argentina – alguns já foram inclusive localizados por veículos da imprensa brasileira. Eles buscam refúgio alegando serem “perseguidos políticos” e já se sabe que muitos têm recebido assistência da Defensoria Pública da União do país vizinho.

Nos bastidores, um alto membro da diplomacia argentina comentou com jornalistas brasileiros que a “burocracia da Justiça brasileira” atrasa qualquer ação. Ele também insinuou que pessoas se movem mais rápido que tais processos e que é necessária a confirmação de que os “fujões” ainda estão na terra do tango.

O governo do Brasil tem preparado pedidos de extradição de integrantes do grupo. Por meio da embaixada do País em Buenos Aires, as solicitações devem ter como destino a Justiça da Argentina.

Para isso, o Brasil compartilhou nomes e números de documentos com Buenos Aires à espera de receber a confirmação sobre o paradeiro desses indivíduos. Seus pedidos de refúgio continuam a tramitar nos órgãos competentes e independentes, em uma processo reconhecidamente lento.

Ao cruzarem a fronteira por terra (alguns teriam passado antes pelo Uruguai), os foragidos que buscaram a Argentina teriam se baseado na ideia de que o governo ultradireitista de Javier Milei seria receptivo a um acolhimento com status informal de “asilo político”.

Milei é aliado do bolsonarismo, ainda que a saída do ex-presidente Jair Bolsonaro do poder seja seguida por demonstrações públicas cada vez mais raras de afinidade entre os dois.

Advogados

Semanas atrás, advogados dos réus pelos atos de 8 de Janeiro de 2023 estiveram em Buenos Aires, onde se reuniram com deputados da base de apoio a Javier Milei. Eles também visitaram órgãos públicos ligados ao setor de migração para defender a concessão de asilo político aos foragidos.

Os defensores também mencionaram argumentos da Associação de Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro (Asfav), segundo a qual os acusados de envolvimento no episódio extremista são submetidos a “condições desumanas”, além de “processo injusto e parcial”.

Recentemente, novas sinalizações do governo argentino fizeram brilhar os olhos de parte da base bolsonarista. Em rede social, a chanceler Diana Mondino disse que a “Argentina sempre será um santuário para aqueles que são perseguidos por exercer sua liberdade de expressão”.

Foi um recado ao governo de Pedro Sánchez na Espanha, desafeto de Milei, que há poucos dias discutiu com um jornalista no país. Mas, sem destinatário, a mensagem foi acolhida por outros grupos também.

Hoje, a Argentina conta com diversos perseguidos políticos do regime de Nicolás Maduro na Venezuela abrigados em sua embaixada em Caracas. Eles são parte da equipe da ex-senadora Maria Corina Machado, inabilitada para concorrer à Presidência, mas ainda o principal rosto da oposição venezuelana.

Por coincidência, a Argentina repercute neste momento a prisão de manifestantes que participaram de um amplo protesto nos arredores do Congresso em Buenos Aires no dia 12 de junho, quando o Senado aprovou o controverso pacote econômico de Javier Milei. Sobre o caso, o presidente frisou: “Houve tentativa de golpe e manifestantes  foram presos por atentar contra as instituições”.

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