O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se com seus principais articuladores políticos para mapear as insatisfações entre deputados e senadores de sua possível base de sustentação no Legislativo e destravar as negociações dos cargos do segundo e terceiro escalão do governo, com os quais pretende montar uma base aliada robusta no Congresso. Uma das diretrizes é ouvir os novos parlamentares antes de finalizar as costuras. Outra é que os bancos públicos e estatais, como a Petrobras, não terão indicações políticas.
Logo em seguida ao encontro, esses negociadores tiveram as primeiras reuniões e almoçaram com representantes do PV, Avante e Patriota, partidos que somam 17 deputados federais e decidiram negociar em grupo após serem preteridos para os cargos de primeiro escalão. A reportagem apurou que eles pediram indicação de dez cargos no Executivo, além de formalizar a demanda para que o PT apoie o deputado André Janones (Avante-MG) como presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara este ano – vaga disputada também por PL e União Brasil, além do próprio PT.
No almoço, os articuladores políticos do presidente pediram a PV, Avante e Patriota uma lista de cargos desejados pelos partidos e os possíveis indicados para cada posto. Solicitaram que os sugeridos tenham perfil que se encaixe com o cargo e explicitaram que há poder de veto por parte do governo. O PV solicitou quatro cargos, o Avante quatro e o Patriota dois. Os petistas ficaram de avaliar e dar retorno nos próximos dias, mas um dos nomes praticamente certos é o do deputado distrital Leandro Grass (PV), que concorreu ao governo do Distrito Federal e deve assumir o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Também devem ser chamados para conversas nos próximos dias o Solidariedade (que fez parte da coligação de Lula, mas ficou sem ministério), o União Brasil (que tem três ministérios, mas se declarou independente após petistas vetarem a indicação do líder na Câmara, deputado Elmar Nascimento, para a Integração Regional) e Podemos, além de grupos internos no PP, Republicanos e PL. Outro foco de insatisfação são os deputados do PSD.
Participaram da reunião com Lula o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), os líderes do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), e no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR). Todos do PT. O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), não foi chamado para o encontro, em que se discutiu a montagem do governo com os aliados.
Wagner reconheceu após a reunião que as negociações estão complicadas porque não será possível atender a todos que pleiteiam cargos, mas disse acreditar que “tudo dará certo” no final. “Esse xadrez do começo é complicado, porque todo mundo pede. Não que não mereça, mas o problema é caber. A engenharia não é fácil”, disse. Segundo o petista, a reunião foi para levar a Lula o que estava sendo negociado. “Ele aprovou algumas coisas, não aprovou outras”, comentou.