O presidente Joe Biden disse que os Estados Unidos vão usar aviões para lançar ajuda humanitária na Faixa de Gaza nos próximos dias. Ainda não foi informado quando exatamente vai acontecer essa entrega aérea de ajuda humanitária em Gaza, mas autoridades dos EUA também disseram que poderia ocorrer nos próximos dias.
“Pessoas inocentes foram pegas em uma guerra terrível, incapazes de alimentar suas famílias, e você viu a resposta quando tentaram obter ajuda. Precisamos fazer mais. Os Estados Unidos vão se unir aos nossos amigos da Jordânia e outros para fornecer lançamentos aéreos de suprimentos para Gaza e buscar abrir outras vias de ajuda humanitária, incluindo a possibilidade de um corredor marítimo”, disse Biden, em anúncio no Salão Oval da Casa Branca.
Mais de 100 civis morreram durante distribuição de comida no dia 29, em que o governo do Hamas acusou soldados israelenses de abrir fogo.
O caso gerou uma grande repercussão internacional, inclusive uma reunião de emergência a portas fechadas do Conselho de Segurança da ONU, em que os EUA vetaram uma declaração do conselho que culparia Israel pelas mortes.
Também na quinta, o governo do Hamas disse que o número de mortes em Gaza devido à guerra contra Israel chegou aos 30 mil. Entre as mortes, além de combatentes do grupo terrorista estão civis, crianças e mulheres.
Além do anúncio de ajuda humanitária, Biden também disse que está trabalhando no acordo de cessar-fogo na guerra entre Israel e Hamas para que mais ajuda humanitária possa entrar em Gaza. O presidente ainda acrescentou que a ajuda que está entrando em Gaza não é suficiente.
A ajuda humanitária que chega em Gaza tem acontecido por via aérea nos últimos dias, por conta da dificuldade de entrega de suprimentos pela via terrestre. Imagens de satélite mostraram caminhões de ajuda enfileirados na fronteira entre o Egito e Gaza, em Rafah.
No início da semana, Biden disse que esperava que um acordo de cessar-fogo saísse até a próxima segunda (4). Em fevereiro, os EUA vetaram na ONU uma resolução de cessar-fogo apresentada pela Argélia.
David Deptula, um general aposentado da Força Aérea dos EUA, disse à Reuters que os lançamentos aéreos têm desafios, mas são possíveis de serem realizados. Deptula comandou a zona de exclusão aérea sobre o norte do Iraque.
“É algo que está totalmente dentro de sua missão. Há muitos desafios detalhados. Mas não há nada insuperável”, disse o general aposentado.
Com pessoas comendo ração animal e até mesmo cactos para sobreviver, e com médicos dizendo que crianças estão morrendo nos hospitais de desnutrição e desidratação, a ONU disse enfrentar “obstáculos avassaladores” para fornecer ajuda.
Pelo menos 576 mil pessoas na Faixa de Gaza – um quarto da população da região – estão a um passo da fome, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.
Veto a declaração
O Conselho de Segurança da ONU convocou uma reunião de emergência ainda na quinta para tratar das mortes de civis de Gaza. O encontro aconteceu com portas fechadas.
De acordo com a Associated Press, países árabes tentaram obter apoio por uma declaração para culpar as forças israelenses pelas mortes de palestinos durante a distribuição de comida e de ajuda humanitária.
Após o fim da reunião, o embaixador palestino na ONU, Riyad Mansour, afirmou que 14 dos 15 membros do conselho apoiaram a declaração.
Aliados de Israel, os Estados Unidos foram o único país que votou contra a declaração do conselho. Por ser membro permanente do conselho, o voto contrário dos EUA representou um veto à declaração.
Mortes de civis
Mais de cem pessoas morreram na quinta-feira durante uma distribuição de comida e ajuda humanitária na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas. A instituição fala de 115 mortos e 760 feridos. A ONU pediu cessar-fogo imediato.
O governo do Hamas acusou soldados israelenses que intermediavam a distribuição de abrir fogo contra palestinos. Em nota, as Forças Armadas de Israel disseram apenas que houve “empurrões e correria”, com mortos e feridos.
“Fomos buscar comida e eles começaram a atirar”, disse um palestino que estava no local. “Fomos surpreendidos por tanques israelenses que abriram fogo”, afirmou outro.