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Governo brasileiro rejeita acusação do presidente da Ucrânia sobre o nosso país

Não é a primeira vez que Zelensky critica a posição do presidente do Brasil no conflito. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Em resposta às declarações do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que acusou o Brasil de se aliar à Rússia por razões comerciais, o Itamaraty negou, na sexta-feira (31), que o governo brasileiro tenha tomado partido na guerra entre os dois países. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, não há e jamais houve engajamento brasileiro no conflito.

O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, também se manifestou. Nesta sexta-feira, ele disse que o Brasil “respeita o sofrimento dos ucranianos”, que estão em guerra com a Rússia desde fevereiro de 2022.

“Respeitamos o sofrimento do povo ucraniano. Queremos contribuir para uma paz alcançável. Isso só será possível se levarmos em consideração as preocupações das partes, o que pressupõe diálogo entre elas, preferencialmente com apoio de países que gozem de confiança de ambos”, declarou, ao jornal O Globo, o ex-chanceler do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos dois primeiros mandatos do petista.

Em entrevista a um grupo de jornais latino-americanos, na quinta-feira, Zelensky insinuou que o Brasil se aliou à Rússia por razões comerciais. O mandatário ucraniano demonstrou preocupação com a esperada ausência de Lula em uma conferência convocada pela Suíça, este mês, para discutir a paz, mas para a qual a Rússia não foi convidada.

“Como se pode priorizar a aliança com um agressor?”, perguntou o líder ucraniano. “O Brasil deve estar do nosso lado e dar um ultimato ao agressor [a Rússia]… por que temos de voltar a repetir estas coisas? Pela memória histórica, por temas econômicos? A economia é importante até que chega uma guerra, e quando a guerra chega os valores mudam. Pesam mais as crianças, a família, a vida, só depois está o comércio com a Federação Russa.”

O Itamaraty destacou que o Brasil sempre condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia e que defende que as negociações de paz envolvam as duas partes. A posição do Brasil é a mesma da China: Brasília e Pequim não creem em um acordo de paz sem a participação dos russos.

Na semana passada, Brasil e China apresentaram uma proposta conjunta para as negociações de paz com a participação de Rússia e Ucrânia. O entendimento foi assinado após reunião em Pequim do assessor especial de Lula com o chanceler da China, Wang Yi.

“Quem ler com atenção a declaração conjunta sino-brasileira verá que há recado para todos, inclusive para a Rússia, cuja ação militar sem autorização da ONU o governo brasileiro nunca deixou de criticar”, enfatizou Amorim.

Na declaração, ficou claro que, para Brasil e China, a Rússia não pode ficar de fora de negociações para resolver o conflito. Os dois países apelam às partes em conflito que respeitem três princípios para permitir a abertura de negociações: não expansão do campo de batalha, não escalada dos combates e não inflamação da situação por qualquer parte.

Desde o início da guerra, tanto o Brasil do ex-presidente Jair Bolsonaro como o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem recebido críticas, por ser contra as sanções econômicas aplicadas à Rússia. O argumento é que o Brasil não segue punições unilaterais, e sim as que são aprovadas multilateralmente, no âmbito das Nações Unidas. As informações são do jornal O Globo.

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