Domingo, 26 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 25 de janeiro de 2025
O Hamas libertou quatro reféns israelenses como parte acordo de trégua em Gaza.
Foto: ReproduçãoA diplomacia brasileira celebrou o início do acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza. O grupo terrorista Hamas libertou na manhã deste sábado (25), por volta das 6h, pelo horário de Brasília, quatro reféns israelenses como parte acordo de cessar-fogo de Gaza. Mesmo assim, fontes do Itamaraty ressaltam ser preciso observar ainda com atenção o passo a passo das ações dado o cronograma longo do acordo antes de considerar qualquer situação resolvida — até mesmo porque há quem faça prognósticos de cenários difíceis a ficarem pendentes na região e não se sabe se os ataques voltarão após a trégua.
A primeira etapa do cessar-fogo, de 42 dias — após mais de um ano e três meses de conflito –, começou de forma efetiva em 19 de janeiro com a libertação de três reféns israelenses. As três mulheres fazem parte dos primeiros 33 reféns a serem devolvidos a Israel. O governo israelense, por sua vez, deve devolver pelo menos 737 presos palestinos.
O acordo também prevê uma pausa no combate em Gaza – o avanço militar de Israel continua sobre a Cisjordânia – e um aumento no acesso de ajuda humanitária aos palestinos, por exemplo.
O Ministério das Relações Exteriores disse, em nota, que o governo brasileiro “tomou conhecimento, com grande satisfação”, do anúncio de cessar-fogo. Nos bastidores, o acordo realmente é visto como positivo, é claro — especialmente após as mais de 47 mil vítimas fatais e toda a destruição causada.
A primeira parte do acordo está em andamento. Agora, diplomatas afirmam ser preciso observar com atenção cada passo de sua continuidade – especialmente por se tratar de um cronograma longo numa situação delicada. Qualquer passo em falso de qualquer um dos lados pode colocar todo o acordo a perder.
Integrantes do Itamaraty chamam a atenção para o fato de o Hamas não ter sido extinto. Pelo contrário, consideram uma demonstração de força e resiliência a presença de uma multidão de palestinos ao redor dos carros que transportaram as três reféns israelenses, antes de elas serem libertadas. Portanto, a hostilidade do Hamas perante a existência de Israel continuará, enquanto o governo de Benjamin Netanyahu também não pretende ceder em nada ao grupo.
Outro ponto que ajuda a gerar incertezas é uma avaliação de enfraquecimento da Autoridade Palestina – entidade reconhecida pela comunidade internacional em negociações com o povo palestino. Há dúvidas sobre quem poderia ser uma liderança palestina legítima e forte o suficiente na Faixa de Gaza num eventual fim da guerra na região.
Na nota sobre o cessar-fogo, o Itamaraty disse que o Brasil “reitera seu compromisso com a solução de dois Estados, com um Estado da Palestina independente e viável, vivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro das fronteiras de 1967, que incluem a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital”.
Na prática, não há indícios que apontam que essa configuração esteja mais próxima de se concretizar. Um aspecto observado por um diplomata brasileiro é que Mike Huckabee, o embaixador dos Estados Unidos em Israel escolhido pelo novo presidente americano, Donald Trump, é defensor assíduo de assentamentos israelenses na Cisjordânia, que inclusive chama pelos nomes bíblicos de Judeia e Samaria.
Já a escolhida por Trump para ser a embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU), Elise Stefanik, também deu declarações no sentido de que Israel tem direitos à Cisjordânia com base em argumentações bíblicas. As informações são do portal de notícias CNN Brasil.