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Governo brasileiro descarta reagir a Maduro na mesma moeda e quer deixar ditador falando sozinho

Governo Lula está decidido a não escalar tensões e manter a melhor interlocução possível com a Venezuela. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A decisão da Venezuela de convocar seu embaixador no Brasil para esclarecimentos não deve resultar em uma piora significativa na relação bilateral. Ao menos não da parte brasileira. Nos bastidores, a cúpula da diplomacia assegura que o governo brasileiro não deverá responder na mesma moeda – ou seja, convocar a embaixadora em Caracas, Glivânia Maria de Oliveira.

O governo Lula está decidido a não escalar as tensões e manter a melhor interlocução possível com a Venezuela, para evitar a suspensão dos serviços consulares a brasileiros que estão no país vizinho. Para diplomatas de alto escalão, Maduro usa as relações internacionais para gestos voltados a seu público interno. A ordem, portanto, é deixar o ditador “falando sozinho”, sem alimentar seus arroubos.

Além disso, a afirmação da chancelaria da Venezuela de que o assessor do presidente Lula para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, seria um auxiliar do “imperialismo norte-americano” foi recebida com gargalhadas no governo. O ex-ministro frequentemente tem posições contrárias às dos Estados Unidos.

A Venezuela convocou o embaixador no Brasil, Manuel Vadell, para “consultas”. Na linguagem diplomática, trata-se de um gesto de repúdio que antecede uma eventual retirada da representação no País. De acordo com o governo venezuelano, a decisão foi tomada após “recorrentes declarações intervencionistas e grosseiras” de autoridades brasileiras de Celso Amorim.

Na véspera, Amorim havia reconhecido em audiência na Câmara que há um “mal-estar” na relação bilateral, após Caracas não cumprir a promessa de apresentar as atas eleitorais. A eleição venezuelana foi marcada por indícios de fraude apontados por organismos internacionais.

Ameaça?

A Polícia Nacional Bolivariana da Venezuela publicou uma foto com a bandeira do Brasil a qual aparece a mensagem: “Quem se mete com a Venezuela se dá mal”. A postagem foi feita em uma rede social, nessa quinta-feira (31). A imagem também tem a silhueta de um homem que aparenta ser o presidente Lula (PT). No entanto, o rosto dele foi escurecido.

A publicação menciona o ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, e o perfil do programa “Con El Mazo Dando,” que é apresentado pelo político na TV pública venezuelana. A mesma imagem, inclusive, também foi postada na conta do programa.

O post foi feito no contexto da crise diplomática entre Brasil e Venezuela. O regime de Nicolás Maduro criticou o governo brasileiro por ter vetado a entrada do país no grupo dos Brics – composto por países como China, Rússia e Índia.

Além disso, na terça-feira (29),  Celso Amorim, disse em audiência na Câmara que a Venezuela quebrou a confiança do Brasil no processo eleitoral que reelegeu Maduro.

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