Segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de fevereiro de 2025
A chegada de um novo voo com imigrantes ilegais brasileiros que estavam morando nos Estados Unidos gera sentimentos contrários no governo e na oposição. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) busca apoiar e garantir os direitos dos brasileiros, enquanto aliados de Jair Bolsonaro temem desgaste pela volta de imigrantes que são apoiadores do ex-presidente e se tornaram vítimas da política migratória de Donald Trump.
Do lado do governo Lula, a orientação é para evitar a repetição do voo anterior, em que brasileiros retornaram numa aeronave em condições precárias, foram hostilizados por autoridades norte-americanas responsáveis pela viagem e desceram do avião algemados e acorrentados. Uma cena que gerou protesto da parte de brasileiros.
Já do lado dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, lideranças evangélicas do Brasil que ministram cultos nos Estados Unidos reclamam que Donald Trump está prendendo e deportando imigrantes brasileiros frequentadores de igrejas evangélicas e que apoiam Bolsonaro.
Pastores brasileiros que lideram Igrejas em cidades norte-americanas reclamam da perseguição de fiéis. Segundo um líder evangélico no Congresso, é uma situação muito negativa.
“Bolsonaro apoia Trump, que deporta imigrantes brasileiros que apoiam o ex-presidente e tinham uma simpatia pelo atual presidente dos Estados Unidos influenciados por Bolsonaro. Essa é uma mistura muito ruim para nós”, comenta o líder evangélico.
Segundo voo
O segundo voo com brasileiros deportados pelos Estados Unidos chegou na noite de sexta-feira (7) ao Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins. Antes de chegar ao Brasil, o voo fez escala técnica em Porto Rico. A primeira parada em território nacional foi em Fortaleza, no período da tarde, onde alguns dos passageiros optaram por desembarcar. Dos 111 repatriados, 88 seguiram em avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para Minas Gerais.
Funcionários do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), sob liderança da ministra Macaé Evaristo, receberam os deportados.
“É muito importante, quem puder, conversar com a nossa equipe para trazer algumas informações que nos ajudem nessa negociação para melhorar a condição de voo dessas pessoas que estão voltando para o Brasil”, disse a ministra durante recepção em Confins. “Aos poucos, a gente vai conseguir fazer com que esse processo seja menos doloroso e mais humanizado. Essa é a nossa tarefa, estamos aqui para isso, então contem com a gente.”
Segundo Ana Maria Gomes Raietparvar, da Coordenação-Geral de Promoção dos Direitos das Pessoas Migrantes, Refugiadas e Apátridas, a recepção dos repatriados deixou os brasileiros aliviados já na primeira parada em Fortaleza.
“O atendimento foi muito bom, considerando que foi a primeira vez em que o Ceará recebeu repatriados. Tivemos um apoio enorme, fizemos um acolhimento humanitário, e as pessoas, quando viam a gente, ficavam aliviadas. Alguns chegaram envergonhados, mas, quando viram como seria a recepção, relaxaram bastante”, afirmou.
Um grupo de trabalho (GT) formado por representantes do governo brasileiro e do governo dos Estados Unidos (EUA) monitorou o voo. Cinco horas antes da chegada ao Brasil, o governo dos EUA disponibilizou a lista com o quantitativo e o perfil dos repatriados. Não houve registros de passageiros sob alerta da Interpol.
De acordo com a Polícia Federal, a maioria dos repatriados é jovem: oito pessoas têm até 10 anos de idade; 11 têm entre 11 e 20 anos; 38 têm entre 21 e 30 anos; e 33 estão na faixa etária dos 31 a 40 anos. Apenas 17 têm entre 41 a 50 anos e quatro têm 51 anos ou mais, sendo o mais velho do grupo com 53 anos de idade.
O grupo tem 85 homens, dos quais 71 estavam desacompanhados. Apenas 26 são mulheres, das quais 12 estavam desacompanhadas. Cerca de 25% (28 pessoas) do grupo veio em núcleo familiar.
A sala de autoridades do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, foi transformada em Posto de Acolhimento aos Repatriados. A estrutura também inclui acesso à água, alimentação, pontos de energia, internet e banheiro.
No local, foram disponibilizados canais para que os repatriados possam entrar em contato com familiares e obter orientações sobre serviços públicos de saúde, assistência social e trabalho, regularização vacinal e matrícula na rede de ensino. As informações são do portal de notícias G1 e da Agência Brasil.