Com o objetivo de desenvolver projetos voltados à geração de energia renovável e à produção de hidrogênio verde (H₂V), o governo do Rio Grande do Sul assinou nessa sexta-feira (30) memorando de entendimento com as empresas Arpoador Energia e Mitsubishi Power.
A capacidade do Estado para a produção de hidrogênio verde, confirmada por estudos técnicos e consultorias contratadas foi destacada pelo governador Eduardo Leite, que ressaltou ainda o comprometimento em desenvolver a tecnologia, com investimentos contínuos e parcerias estratégicas.
“Esta é uma iniciativa do nosso governo que não trará resultados imediatos, pois é uma aposta de longo prazo do Estado. Estamos desenvolvendo a cadeia do hidrogênio verde, ainda emergente no mundo, mas que terá impacto positivo e transformador na nossa realidade econômica”, afirmou o governador.
A assinatura do memorando com a Arpoador e a Mitsubishi é decisiva na jornada rumo à descarbonização e à promoção de energias limpas. Segundo a titular da Sema, Marjorie Kauffmann, o Estado possui outros memorandos com empresas de diferentes setores, incluindo geração de energia eólica, fabricantes de equipamentos e potenciais usuários de hidrogênio verde.
Conforme o Atlas Eólico gaúcho, o potencial eólico – energia utilizada na produção de H₂V – é de 102,8 GW em terra firme (onshore) e 114,2 GW em lagos e oceano (offshore) para ventos acima de sete metros por segundo e altura de 100 metros. O RS conta com 63 projetos em 31 municípios, que totalizam 18,3 GW e preveem investimentos de R$ 110 bilhões em diversas regiões.
Programa Biogás
O governo gaúcho também anunciou um edital para projetos no âmbito do Programa Biogás-RS, o que marca um avanço na transição energética do Rio Grande do Sul. A iniciativa busca transformar resíduos orgânicos agropecuários em energia renovável, resolvendo problemas ambientais nas áreas rurais. Os dejetos são processados em tanques para produzir biofertilizante e biogás. Com 40% a 50% de metano, o biogás pode ser usado como combustível para aquecimento ou geração de eletricidade e, após purificação, é convertível em biometano, equivalente ao gás natural.
“O chamamento para a cadeia de biocombustíveis visa fomentar essa tecnologia, que pode ser produzida em pequena, média ou grande escala, ou até mesmo por meio de consórcios. Além de representar uma solução para o passivo ambiental dos produtores rurais, há um grande potencial econômico”, afirmou Marjorie.
Produtores rurais, grupos, pessoas jurídicas e cooperativas agropecuárias podem se beneficiar. As propostas devem ser enviadas até 15 de outubro, com resultados preliminares divulgados em 20 de novembro e finais em 20 de dezembro. Após a divulgação, os beneficiários poderão buscar financiamento com o Banco de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (Badesul).
Sobre o programa
Criado pelo Decreto Estadual nº 56.348 de 2022, o Programa Biogás-RS pretende fomentar a cadeia produtiva de biodigestores no Rio Grande do Sul. A inciativa busca tratar adequadamente resíduos orgânicos (principalmente do agronegócio), aumentar a participação de fontes renováveis na matriz energética e atrair novos investimentos para o setor.
Além disso, visa gerar empregos e renda adicional para os agricultores, reduzir a emissão de gases de efeito estufa e melhorar a gestão de dejetos e resíduos agroindustriais, prevenindo a contaminação da água e solo. O programa também promove a comercialização local de biocombustíveis e amplia a oferta interna de biogás em diversas regiões do RS.