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Governo dos Estados Unidos investiga pagamentos da Nike para a Seleção Brasileira

Empresa fornece material esportivo à Seleção desde os anos 1990. Na foto, o atacante Alexandre Pato exibe o uniforme que os jogadores brasileiros usaram na Copa do Mundo de 2010, sediada na África do Sul. (Foto: Ben Stansall/AFP)

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos está examinando os pagamentos feitos pela empresa de material esportivo Nike Inc. sob um acordo de patrocínio feito por um período de dez anos à Seleção Brasileira de futebol, em 1996, por possíveis evidências de irregularidades da companhia ou outras partes, divulgou na sexta-feira o diário The Wall Street Journal. O pagamento teria sido feito à CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

Citando pessoas familiarizadas com o assunto, a publicação afirmou que as alegações de corrupção em torno do acordo no valor de 160 milhões de dólares da Nike para patrocinar a Seleção são discutidas em termos velados na acusação do Departamento de Justiça contra dirigentes da Fifa (entidade máxima do futebol). Depois da assinatura do contrato com a CBF, a Nike pagou outros 40 milhões de dólares em conceito de “despesas de marketing”, que não estavam contempladas no acordo inicial e que foram depositados em uma conta bancária na Suíça em nome de uma empresa brasileira de patrocínio esportivo.

A denúncia descreve que uma empresa multinacional norte-americana de roupas esportivas fechou um acordo para patrocinar a confederação brasileira e, em seguida, fez outra negociação com um intermediário de marketing esportivo, que supostamente usou os pagamentos da empresa para pagar subornos, declarou o jornal. A acusação acrescenta que as pessoas familiarizadas com o assunto confirmaram que a companhia é a Nike.

Investigação

O governo dos EUA anunciou no dia 27 de maio uma ampla investigação contra a corrupção no mundo do futebol que afeta vários dirigentes da Fifa e que, segundo o Departamento de Justiça norte-americano, envolve a escolha da África do Sul como sede da Copa do Mundo em 2010 e a designação do presidente da Fifa, Joseph Blatter, em 2011. No contexto dessa apuração, foram apresentadas acusações contra 14 pessoas, entre dirigentes da entidade máxima do futebol e executivos de empresas relacionadas com a federação, após a surpreendente detenção de sete deles, incluindo o ex-presidente da CBF José Maria Marin, em um luxuoso hotel suíço.

Copa América

A organização da Copa América, que acontece no Chile, tenta esconder das faixas de publicidade estáticas oficiais da competição os nomes Traffic, Full Play e Torneos. As três empresas são investigadas nos escândalos da Fifa, cujos alguns dos sócios estão presos e que, juntas, formam a Wematch – união do trio líder em organização de eventos de futebol na América Latina.

Em La Serena, cidade na qual estreou nesse sábado a Argentina, em partida contra o Paraguai, banners no centro de mídia exibiam a marca Wematch, mas uma tarja branca cobria os nomes Traffic, Full Play e Torneos. As companhias pediram para que tivessem os nomes escondidos por temer desgaste, mas mantiverem o nome da Wematch, uma vez que a marca não foi tão citada pela imprensa nas últimas semanas, segundo os organizadores da competição.

Proprietário da Traffic, o empresário brasileiro José Hawilla é réu confesso e devolverá 151 milhões de dólares (cerca de 473 milhões de reais) – dos quais já depositou 25 milhões de dólares (78 milhões de reais) – e colabora com as investigações do FBI (polícia federal norte-americana) desde o fim de 2014, que culminou com a prisão de Marin e outros dirigentes envolvidos com pagamentos de propina relacionados a acordos de marketing e transmissão de jogos em competições da Confederação Sul-americana de Futebol e da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e do Caribe.

Ex-CEO da Torneos, o argentino Alejandro Burzaco se entregou à Justiça italiana no dia 9. Ele é apontado pela investigação norte-americana como receptor de lucros milionários por contratos de transmissão com pagamento de propina. Seu nome apareceu em alerta vermelho emitido pela Interpol (a polícia internacional). Sócios de Burzaco, Hugo e Mariano Jinkis, argentinos proprietários da Full Play, também estão no alerta vermelho da Interpol e fecham o trio de empresas que compõem a Wematch.

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