A decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki de afastar o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi avaliada como tardia pela equipe da presidenta Dilma Rousseff e pelo comando nacional do PT.
A avaliação foi de que, já que Cunha comandou todo o processo de impeachment da petista, era melhor que ele continuasse no cargo para, na opinião deles, desgastar a imagem do eventual governo do vice-presidente Michel Temer.
Nos últimos dias, Temer disse a aliados e peemedebistas que iniciaria um processo de afastamento de Cunha, recebendo-o apenas em agendas oficiais. O receio é que a imagem do presidente da Câmara poderia contaminar a sua gestão interina.
Para auxiliares e assessores da petista, a Suprema Corte demorou para analisar a saída do peemedebista diante das denúncias contra ele, o que, na avaliação do Palácio do Planalto, influenciou na aprovação do processo de impeachment da presidenta. Nas palavras de um assessor da petista, a decisão poderia ter sido tomada antes e demonstra que Cunha não poderia ter conduzido o processo contra Dilma.
Na avaliação da cúpula nacional do partido, o afastamento de Cunha questiona, inclusive, a validade do processo de impedimento da presidenta. “Ele deveria ter saído há muito tempo e não deveria ter presidido o processo de impeachment, já que o fez motivado por vingança”, criticou o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP).
Relator da Lava-Jato, Teori concedeu liminar, na manhã desta quinta-feira (05), em um pedido de afastamento de Cunha feito pela Procuradoria-Geral da República. (Folhapress)