Depois que o Ministério da Fazenda divulgou, na última quinta-feira (11), a proposta de MP (medida provisória) para a operação das bets (casas de apostas on-line) no País, a expectativa é de que o mercado seja regulado até o fim deste ano.
O texto da MP foi enviado à Casa Civil e ministérios envolvidos no tema. Com expectativa de publicação da MP nos próximos dias, portarias específicas vão estabelecer as regras para o setor bilionário.
Para o credenciamento dos operadores, uma portaria está em finalização de redação pela equipe técnica do Ministério da Fazenda. A partir da edição do texto, serão concedidos 180 dias para que os operadores reúnam documentação para se estabelecerem no Brasil.
Com isso, a estimativa do governo federal é de que, até o final de 2023, os operadores estarão credenciados. As bets não credenciadas incorrerão em crime se insistirem em atuar no País.
“As bets vão ter que criar sede no Brasil, empregar trabalhadores brasileiros, credenciar os meios de pagamento, uma série de providências. Hoje, mesmo aquelas que têm sede no País, operam com IPs [protocolos de internet] fora do Brasil. E a gente vai trazer as empresas para o País a fim de fiscalizar, rastrear essa atividade econômica”, disse José Francisco Manssur, assessor especial do secretário-executivo do Ministério da Fazenda.
Também será formado um grupo de trabalho para elaboração de medidas e redação de uma portaria específica para o enfrentamento da manipulação de resultados. Quatro anos após a aprovação de lei para o setor das apostas eletrônicas, a regulamentação ocorre em meio a um escândalo envolvendo suspeita de manipulação de resultados de jogos em campeonatos de futebol, incluindo a série A do Brasileirão.
A MP prevê a criação de uma secretaria dentro da estrutura do Ministério da Fazenda, responsável pela análise de documentos para aprovação ou não do credenciamento das empresas de apostas no País. Essa secretaria também acompanhará o volume de apostas e a arrecadação.
As empresas serão taxadas em 16% sobre o GGR (Gross Gaming Revenue), a receita obtida com todos os jogos feitos, subtraídos os prêmios pagos aos jogadores. Sobre o prêmio recebido pelo apostador, será tributado 30% de Imposto de Renda, respeitada a isenção de R$ 2.112.
Além disso, a MP – desenhada pela equipe econômica – mantém destinação de 1,63% da arrecadação aos clubes e entidades representativas das modalidades esportivas, conforme a previsão legal. Os times de futebol pedem fatia maior.
“Dos 40 clubes da primeira e segunda divisão, 39 têm patrocínios de bets. E as bets já disseram que estão no limite. Se a gente aumentar a destinação para os clubes, eles vão perder em patrocínio. Ou seja, a fonte principal é a publicidade, e os clubes precisam ter consciência de que o mercado tem que ser saudável, que arrecade o máximo, mas também não seja inviável para o operador”, destacou Manssur.
Além disso, a arrecadação proveniente das taxas e impostos será destinada a áreas importantes, como segurança pública, educação básica, clubes esportivos e ações sociais. Dos 16%, 2,55% serão destinados ao Fundo Nacional de Segurança Pública, para ações de combate à manipulação de resultados e à lavagem de dinheiro.
O Ministério Público Federal e o TCU (Tribunal de Contas da União) cobram uma posição do Executivo, que estima ter perdido cerca de R$ 6 bilhões por ano entre 2018 e 2022. Desde então, o número de empresas do tipo e o montante de apostas cresceu exponencialmente.