Em meio à crise energética, o governo Jair Bolsonaro vem estudando medidas para “destravar” a construção no País de hidrelétricas com reservatórios, informou o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Paulo Cesar Magalhães Domingues.
Segundo ele, entre os projetos que o governo pretende viabilizar, está o da construção da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, na região amazônica, que em 2016 teve a licença ambiental negada pelo Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Uma das justificativas dadas pelo Ibama para a decisão foi que o reservatório da usina alagaria o território indígena Munduruku e exigiria a remoção de aldeias. Nos últimos anos, o país privilegiou a construção de hidrelétricas sem reservatório, chamadas de usinas “a fio d’água”. São exemplos desse modelo Belo Monte, no Pará, e as hidrelétricas de Santo Antonio e Jirau, em Rondônia.
A vantagem desse modelo de usina é que não exige grande acúmulo de água e, consequentemente, o alagamento de grandes áreas. O menor impacto gerado pelas usinas a fio d’água também facilita a aprovação dos projetos por órgãos de proteção ambiental.
Entretanto, a ausência de reservatório limita o potencial de produção de energia por essas hidrelétricas. Além disso, sem o represamento de água essas usinas não conseguem manter a geração em períodos de seca, como o que o país enfrenta atualmente.
“Se a gente pega nos últimos anos, quase todas as usinas são fio d’água e isso é ruim para o sistema”, disse Paulo Cesar Domingues. Segundo ele, essas hidrelétricas “não têm acrescentado, ou têm acrescentado muito pouco, de capacidade de armazenamento” de água, o que deixa o país mais suscetível a dificuldades — e à disparada no preço da energia — em períodos de seca como o enfrentado atualmente.
“O que a gente quer é tentar encontrar meios de não só construir usinas, mas, nos locais em que for possível, construir usinas com reservatórios”, afirmou Domingues. Uma delas, segundo o secretário, pode ser a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós. “É uma grande usina”, disse. “Ali tem um potencial muito grande, no rio Tapajós”, completou.
Potencial de geração
Domingues aponta que, com os 108 gigawatts instalados atualmente, o Brasil aproveita cerca de 40% de seu potencial de geração hidrelétrica. E teria, segundo ele, condições de adicionar outros 40 gigawatts nos próximos anos.
Segundo o secretário, o maior potencial para a construção de novas hidrelétricas está na região amazônica, em rios como o Xingu, acima da usina de Belo Monte. Devido às dificuldades de viabilidade econômica, atualmente o governo não tem planos de leiloar novas hidrelétricas para entrada em operação nos próximos dez anos. Domingues afirma, porém, que a intenção é mudar essa realidade.
Para isso, diz o secretário, estão sendo feitos esforços para levar adiante projetos de seis hidrelétricas, nos estados de Roraima, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso e Rondônia, hoje em fase de licenciamento ambiental.