Em meio à indefinição sobre a reforma ministerial do governo Lula, o Planalto passou a cogitar uma nova fórmula para contemplar o PP, partido do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, com um pedaço do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), com uma compensação para o titular da pasta, Wellington Dias.
Pelo novo desenho, conversado entre o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e o futuro ministro André Fufuca (PP-MA), Wellington Dias continuaria segundo informações de Fabio Murakawa, Renan Truffi, César Felício e Andrea Jubé, do jornal Valor, responsável pelo Bolsa Família e assimilaria o que seria o futuro Ministério de Pequenas Empresas, ainda não criado.
Já Fufuca levaria a gestão do Sistema Único de Assistência Social (Suas) e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
De acordo com informações do Valor Econômico, a fórmula foi trazida por Fufuca na última quarta-feira (30) em uma reunião no Palácio do Planalto com Padilha e Sílvio Costa Filho (Republicanos-PE), indicado pelo partido para o ministério de Lula.
A ideia agradou Padilha, que vê em Dias um perfil adequado para capitanear temas como economia solidária e empreendedorismo, pois já fez gestões nessas áreas durante seus mandatos como governador do Piauí.
Mas o cenário é apenas um entre vários cogitados por Lula. Segundo com ministros, o petista está “indeciso” e não sabe como “fechar a equação” para a entrada do Centrão no governo.
O presidente teria sugerido, em uma reunião com Dias, turbinar a parte do MDS a ser entregue ao PP com uma área de economia popular, cooperativismo e “inclusão produtiva”. Na prática, isso significaria “fundir” o Ministério de Pequenas Empresas com o “MDS do Centrão”.
Ambos os cenários são contraditórios entre si e estão na mesa do presidente. Mas Dias teria pedido ao presidente que não fizesse nenhum anúncio antes da viagem de ambos ao Piauí, onde estiveram para lançar o Programa Brasil Sem Fome.
Fufuca, por sua vez, pretende levar o Ministério de Portos e Aeroportos, no que tem apoio de parte da cúpula Planalto. O acordo, no entanto, tampouco não está fechado. A pasta tem como titular Márcio França (PSB).
Ele foi convidado por Lula para integrar a comitiva de 12 ministros que o acompanham na visita ao Nordeste para divulgação do Novo PAC. É o segundo encontro de Lula e França em meio às articulações finais da reforma ministerial. Há expectativa de que nessa viagem, Lula peça o ministério de volta para repassá-lo ao comando do Republicanos.
Nos bastidores, lideranças do Republicanos dão como certo a transferência da pasta de Portos e Aeroportos para o partido. O indicado da sigla, Sílvio Costa Filho, é ex-líder da bancada na Câmara.
Na segunda-feira, Padilha e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, voltaram a oferecer o futuro Ministério da Pequena e Média Empresa, de Cooperativas e Empreendedorismo para o Republicanos, na tentativa de manter o PSB com Portos e Aeroportos. Mas o líder do Republicanos, Hugo Motta (PB), que representou a legenda na conversa, recusou a oferta.